Grande ABC registra primeira morte suspeita por febre amarela

O pedreiro Eli José de Oliveira Silva, 56 anos, é o primeiro caso suspeito de morte causada pela febre amarela no Grande ABC. Morador da Vila Alto de Santo André, em Santo André, veio a óbito no domingo no Hospital Bartira, na mesma cidade, onde havia sido internado há cerca de três horas. Antes de procurar o hospital, Silva passou por atendimento na UPA Centro (Unidade de Pronto Atendimento), com dores nas costas, vômito, febre e mal estar por três dias seguidos.

No domingo – após piora do quadro – Silva foi internado e realizou exames de sangue para atestar a presença ou não do vírus da febre amarela. O resultado, no entanto, não ficou pronto em tempo. Embora o atestado de óbito alegue que a morte foi decorrente de infarto agudo e ruptura de parede do miocárdio (coração), exame de sorologia – colhido novamente após óbito – será analisado para investigar se a vítima estava com a doença. A administração do hospital notificou o caso ao CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) do município.

A família acredita que Silva possa ter contraído o vírus durante viagem a Dourados, no Mato Grosso do Sul, entre os dias 23 de dezembro e 6 de janeiro, quando foi pescar com a mulher e o sobrinho. Nenhum dos três havia tomado a vacina.

“Os médicos deram 90% de chance de ser febre amarela, portanto, tudo indica que a suspeita é conclusiva. Vamos buscar o exame assim que sair e, em breve, teremos o desfecho oficial. Infelizmente meu sogro estava em estado grave e morreu rápido, mas a amostra colhida ainda dará respostas”, diz o genro de Silva, Daniel Bruno Souza Ribeiro, 34.

Os familiares aguardam o resultado para que possam tomar os devidos cuidados em relação à doença. “Agora vamos (família) correr atrás de tomar a vacina. Se ele realmente contraiu o vírus, temos de nos cuidar ainda mais”, ressalta Ribeiro.

O professor de infectologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Juvencio Duailibe Furtado, explica que quando há suspeita da doença e, posteriormente, óbito, o procedimento correto é colher amostra para comprovação do caso. “Se havia a febre amarela, isso tem ainda de ser investigado, pois o infarto pode ter acontecido devido às complicações da doença.”

O médico lembra que não existe tratamento específico para o combate da doença e, por isso, alguns problemas físicos podem acontecer, como, por exemplo, falência múltipla de órgãos, “Quem contrai a febre amarela tem mais chances de morrer do que de viver. A pessoa normalmente é internada para controle, mas não há um remédio que cure.”

No ano passado, a região registrou uma morte em detrimento da doença, também em Santo André. A professora Thalita Beneduzi, 28, morreu em fevereiro, após viagem à cidade de Capitólio, Minas Gerais.

Campanha de vacinação é antecipada e inclui S.Caetano

Na manhã de ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou que a campanha de vacinação fracionada contra a febre amarela – com início previsto para o dia 3 de fevereiro – será antecipada para o dia 29, e que São Caetano, até então único município da região que não estava no calendário, passa a integrar a ação nacional.

A Secretaria da Saúde do Estado esclareceu que a medida corresponde a estratégia de prevenção. A finalidade é aumentar a proteção da população que vive em áreas próximas a cinturões verdes, como é o caso do Grande ABC. Ao todo 54 municípios estão elencados no calendário, inclusive as sete cidades. A meta é imunizar, em todo o Estado, 8,3 milhões de pessoas, sendo 869,2 mil no Grande ABC.

Nenhuma outra cidade da região – exceto Santo André – registrou casos suspeitos de febre amarela.

OMS coloca São Paulo como área de risco para contaminação

(do Estadão Conteúdo)

A OMS passou a considerar, ontem, todo o Estado de São Paulo como área de risco de febre amarela e recomendou que todos os estrangeiros que façam viagens à região estejam vacinados. “Considerando o nível elevado da atividade do vírus da febre amarela observado em todo o Estado de São Paulo, a OMS determinou que, além de áreas listadas em avaliações anteriores, o Estado inteiro deve ser considerado como risco de transmissão”, aponta o órgão.

O número de mortes pela doença confirmadas no Estado desde janeiro de 2017 subiu para 21, conforme a Secretaria de Estado da Saúde. Somados, os 11 óbitos confirmados em 12 dias de 2018 são mais que o dobro dos dez casos relatados em todo o ano passado. Também houve aumento nos casos autóctones (transmissão interna) da doença, que passaram de 29 para 40.

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