Mortes no trânsito crescem 18% na região

A imprudência ao volante continua a provocar cada vez mais mortes de motoristas e pedestres no Grande ABC. Dados do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo) divulgados ontem apontam crescimento de 18,72% no número de óbitos durante o deslocamento por vias da região ao longo do ano passado na comparação com o mesmo período de 2016 – passaram de 203 para 241 ocorrências.

Na contramão do Estado, que conseguiu reduzir em 1,14% o número de vítimas fatais – de 5.727 para 5.645 –, municípios da região apresentaram média de uma morte a cada dois dias, índice que se mantém desde 2016.

Com exceção de Santo André e São Caetano, os demais municípios do Grande ABC apresentaram alta no número de mortes no trânsito em 2017. O destaque negativo fica por conta de São Bernardo, que lidera as estatísticas com 89 óbitos (veja mais na arte ao lado).

A incidência de acidentes fatais continua centralizada nos períodos da noite e nos fins de semana. Pouco mais de um terço das fatalidades (75 casos) ocorreu entre o horário das 18h e 6h. Além disso, 43% (105) das ocorrências foram contabilizadas aos sábados e domingos.

O levantamento aponta ainda que jovens com idade entre 18 e 29 anos representam uma a cada três vítimas fatais (26,4%), enquanto 81,7% (197) dos óbitos são pessoas do sexo masculino. Vias públicas urbanas, por sua vez, concentram a maioria das ocorrências (64%), embora a Rodovia dos Imigrantes seja a líder de óbitos, total de 24.

Quando analisado o modal de locomoção das vítimas, pedestre e motociclistas permanecem no topo do levantamento, algo que, segundo especialistas, sugere ineficácia de ações do poder público para reverter este cenário.

“Trata-se de um indicador que se repete mês a mês, mas que não tem feito com que autoridades se mobilizem para ações voltadas à segurança desses pedestres e motociclistas”, avalia o chefe do departamento de medicina de tráfego da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) Dirceu Rodrigues Alves Júnior.

A avaliação é compartilhada pelo coordenador técnico do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito – responsável pelo levantamento –, Evandro Vale. “A redução de acidentes e fatalidades envolvendo pedestres necessita de conjunto de ações. (Dentre elas medidas de) Engenharia, otimizando a disposição dos modais.”

Na tentativa de reduzir esses indicadores, cinco municípios da região – com exceção de São Caetano e Rio Grande – chegaram a firmar, nos últimos meses, convênios com o Estado para fazer parte do programa Movimento Paulista de Segurança no Trânsito. O acordo prevê repasse de verba para projetos de melhoria viária e educação de motoristas.

No entanto, para especialistas, é preciso que a verba seja utilizada da maneira correta. “Não adianta investir em lombofaixas se o pedestre ainda não tem educação de trânsito”, ressalta Alves Júnior.

Uma das sugestões seria a criação de campanhas conjuntas na região, como foi o caso da Travessia Segura – projeto do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC que teve sua última edição em 2016. “Ações deste tipo costumam ter maior impacto aos motoristas e pedestres”.

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