Bianca Bin desabafa sobre síndrome do pânico: – Chega um ponto que a gente tem que esvaziar

Bianca Bin é um dos principais nomes de O Outro Lado do Paraíso, novela das nove da Globo que tem dado o que falar. Prova disso é a sua vingança, que faz todos os telespectadores vibrarem em casa. Quem não riu, por exemplo, com o capítulo da última quinta-feira, dia 11, quando ela mostrou para Suzy o real desejo de seu marido, Samuel?

Durante as gravações da trama, Bianca conversou com a imprensa, que contou como é viver a protagonista da novela das 21h. Além disso, ela ainda deixou claro que não torce para sua personagem terminar com Gael, papel de Sérgio Guinzé trama, e adiantou detalhes sobre a técnica que a ajudou a controlar a Síndrome do Pânico. Confira o bate-papo a seguir:

Muitos ficaram angustiados em casa com aquela cena da Clara sendo jogada ao mar no caixão. Essa sensação também ficou em você?

Bianca Bin – As cenas foram muito emocionantes. Eu sou uma pessoa que sofre com claustrofobia e fobia de água. Eu tive que vencer todos os limites e os meus medos para gravar essas sequências. Foram dias inteiros, gravações pesadas, mas a gente se dispõe a fazer isso.

Concorda com a vingança da Clara?

Bianca Bin – Eu acho que mais do que vingança, ela volta por justiça. Não é uma vingança rasa, fútil e sim um senso de justiça. Estamos com a justiça tão deficiente. Em um país que a gente tem que buscar a justiça com as próprias mãos é uma descrença, mas é isso que está acontecendo.

Então a vingança também tem seu lado positivo?

Bianca Bin – A vingança foi libertadora para o Samuel. Ele pode se assumir e a mãe falar que gosta dele daquele jeito. Foi uma vingança que libertou ele e a família, principalmente as mulheres. Acho que a Clara tem empatia com essas mulheres. Ela é humana, ela sofreu com o sofrimento, primeiro da mãe quando desmaiou vendo o filho de calcinha, batom e meia calça, depois viu a dor no olhar da mulher dele.

E o futuro amoroso de Clara? Renato, Patrick ou Gael?

Bianca Bin – Ah, eu posso escolher? (risos). Não é a Clara que escolhe? Ela está sempre bem dividida. O Renato está dando provas de que ela pode confiar nele. Ele provou que foi tudo um grande engano, que ele não sabia que o caixão poderia ser jogado no mar. O Patrick é a segurança. Gente, quem não quer ter um advogado na vida para resolver os problemas. Até agora não teve sexo, mas acho que rola uma atração.

Mas o Gael? Está fora da disputa?

Bianca Bin – Muito bom contracenar com o Guizé. Ele é um grande parceiro, um ator que considero genial, é um prazer jogar com ele, mas é difícil opinar. Eu acredito na regeneração do ser humano. E eu acho que as pessoas antes de serem soltas na rua, reinseridas na sociedade, precisam se regenerar de fato, provar que mudaram e passaram por uma reeducação, qualquer coisa. Acho que Gael deve seguir seu caminho de luz, no amor, nunca mais fazer isso com ninguém, mulher nenhuma. Mas acho que história dele com a Clara… É difícil torcer por ele. Acho que a história dele com a Clara já passou.

Sua personagem sofreu de violência no casamento. Gostou de ter essa abordagem na novela?

Bianca Bin – Essas mulheres que sofrem com o relacionamento abusivo demoram a perceber isso. Tem muita coisa envolvida, tem a vergonha, tem o medo. Acho que o Walcyr tratou muito bem isso, essa teia emocional que a mulher fica envolvida.

E essas mulheres chegaram até você? Como é a abordagem nas ruas?

Bianca Bin – Eu tenho ido à padaria, ao médico e encontro algumas pessoas que acompanham a história. É lindo o número de mulheres vítimas de violência que me encontram e abrem o coração e suas vidas pra mim, me contam seus relatos de forma tão generosa e eu agradeço. Acho muita generosidade. Me trouxe força. São muitos relatos. Às vezes elas falam Meu marido me batia e eu só consigo perguntar Mas batia muito?. A última me falou Sim, ele quebrou meu maxilar.

Acha que esse movimento feminino deve ganhar mais força?

Bianca Bin – Eu acho que estamos vivendo uma primavera feminista e acho que a gente não vai mais se calar, o momento agora é nosso. Esse problema é uma doença social que envolve o mundo todo. A gente está unida cada vez mais, uma sobe e levanta a outra

A carga emocional de Clara é muito pesada. Como faz para não absorver tanto essa emoção das cenas?

Bianca Bin – Eu me cuido com a microfisioterapia, uma técnica francesa, pouco conhecida no Brasil. É uma reprogramação celular em nível de toque. É como se nosso corpo registrasse todas as situações traumáticas desde a infância e isso fosse enchendo uns potinhos. Chega um ponto que a gente tem que esvaziar. Essa técnica me ajudou com as minhas crises de ansiedade e quando apareceram os primeiros sintomas de Síndrome do Pânico.

E a transformação no visual da Clara? Aprovou?

Bianca Bin – Esse cabelo foi uma polêmica, mas eu gosto do que sai da caixa, eu gosto do diferente. Eu me estranhei, mas isso foi bom, eu vi mais a clara do que a Bianca. Gosto muito das roupas. A única coisa que não gosto muito é ter que andar de salto alto. Na primeira fase, só usava rasteirinha, era uma delícia (risos).