Com o início do ano, a compra de material escolar já faz parte do calendário da maioria das famílias, que saem à procura dos itens sempre buscando gastar menos. A boa notícia é que, em relação ao ano passado, a lista pode sair até 21,47% mais barata do que em 2017.
Cesta com 17 produtos elaborada pelo Diário custa a partir de R$ 50,22 na região, enquanto que, no ano passado, era vendida por R$ 63,95 – R$ 13,73 a mais. Quando se avalia o conjunto de itens mais caros de cada estabelecimento, que saiu por R$ 397,07, a diferença foi menor, de 1,27%, já que em 2017 saía por R$ 392,98 – R$ 4,09 menos.
Conforme o coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV (Fundação Getulio Vargas), Ricardo Teixeira, a queda nos preços da cesta de itens entre um ano e outro se deve ao comportamento da economia e do próprio comércio. “Tínhamos uma expectativa de inflação no início do ano passado que não se confirmou. Além disso, por conta da crise nos últimos anos, ainda há um número elevado de desempregados. Então, como muita gente só compra o mínimo necessário, o comércio tem pressionado os preços para baixo”, explicou.
No entanto, a pesquisa é fundamental para garantir a economia. Tanto que o gasto com kit escolar pode variar até 690,6% entre os materiais mais caros e os baratos encontrados em seis papelarias de quatro cidades (Santo André, São Bernardo, Mauá e Diadema). Além do próprio preço, a diferença também se dá devido às variações de modelos e marcas de cada produto, que não são unânimes em todos os estabelecimentos.
A maior variação de preço entre os itens fica por conta do fichário. O mais simples, na cor preta, é encontrado a partir de R$ 9,90. Já um modelo licenciado de personagens e de marca pode chegar até R$ 229,90, uma variação de 2.222%.
Já o caderno universitário oscila 300%. Na versão mais simples sai por R$ 1,99, porém, em outra com personagens gera grande diferença no valor, sendo que por conta de capa diferente o item pode sair por até R$ 9,99. “A questão é que essa pessoa está comprando a marca que, quanto mais for um objeto de desejo, vai ter custo maior. Quem pode pagar por esses itens vai continuar pagando, mas, neste momento econômico ainda desaquecido, o comércio também eleva preços de produtos mais diferenciados”, analisou Teixeira.
Outras variações expressivas estão na régua de 30 centímetros, que custa de R$ 0,75 a R$ 7,90, no caso de uma com personagens (variação de 953,33%), e na caixa de giz de cera com 12 cores; uma marca menos conhecida no mercado apresenta o produto por R$ 0,90, já uma das mais conhecidas tem o mesmo por R$ 4,50 (oscilação de 400%).
“Com a licença, o custo do produto vai lá em cima mesmo. Algumas marcas mais caras também têm produtos mais sofisticados, mas para quem precisa economizar o ideal é que estes produtos sejam evitados”, avaliou a diretora do Procon (Serviço de Proteção ao Consumidor) de Santo André, Doroti Cavalini.
DICAS – Para ajudar a gastar menos, Doroti orienta que os pais não levem os filhos para adquirir o kit escolar, já que há preferência dos produtos com personagens pelos pequenos. “Outra dica é reaproveitar o material que sobrou no ano passado. Muitas vezes um estojo ou lápis de cor com pouco uso ainda pode ser utilizado. Fora isso, é bom pesquisar antes, na internet, para verificar se há produtos com muita diferença de valor”, afirmou.
A enfermeira Natalia Baldim, 27 anos, optou por comprar a lancheira e a mochila da filha de 6 anos pela web, porém, levou a maioria dos itens da lista em uma papelaria no Centro de São Bernardo. “O preço destes dois produtos costuma ser mais caro nas papelarias, por isso optei pelas lojas virtuais. Eu não cheguei a cotar a lista em vários lugares, como fiz nos últimos anos, mas o preço da maioria estava bom se comparado com o que vimos em outras papelarias”, afirmou ela, que gastou cerca de R$ 190 com a lista, mais R$ 200 com as bolsas.
Uma outra opção para economia está na compra coletiva. Basta reunir familiares e amigos que têm filhos em idade escolar para comprar por atacado ou, até mesmo, optar pela compra fracionada. “Agora está todo mundo querendo comprar, então o que pode ser feito é adquirir produtos que serão utilizados nos primeiros dias de aula e, depois deste período, comprar o restante, já que eles devem se tornar mais baratos. Trata-se da lei da oferta e da procura”, explicou o professor da FGV.