Principais lideranças do Patriota (antigo PEN) no Grande ABC fazem as contas do tamanho da perda a partir da considerada traição do deputado federal e pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que sinalizou no início deste mês provável migração em março para o PSL, partido com pouca expressão na esfera nacional. Toda a estratégia, como a montagem da chapa proporcional, estava baseada na filiação do hoje social-cristão. Até a troca de nome da legenda tinha inspiração no parlamentar fluminense, militar reformado, conhecido por seus posicionamentos de extrema- direita no espectro político.
Em vídeo amplamente divulgado nas redes sociais, Bolsonaro chegou a apalavrar o ingresso no Patriota em reunião com dirigentes da sigla, entre eles o próprio presidente nacional Adilson Barroso. Série de figuras, inclusive na região, buscou o partido vislumbrando contabilizar com a candidatura majoritária de Bolsonaro, cenário que, segundo expectativas internas, daria para eleger de oito a nove deputados federais – o mesmo número projetado para vaga a estadual – por São Paulo. Com a mudança de planos repentina, ainda não consolidada, a ideia seria fazer quatro cadeiras na Assembleia Legislativa e apenas três federais.
Ex-vereador de São Caetano e cotado para tentar posto de deputado, Gilberto Costa avaliou que a proposta a partir de agora “é retomar projeto inicial”, praticamente do zero. Para o dirigente da legenda na cidade, encontro amanhã, com Barroso, na Capital, deve dar Norte sobre os próximos passos – não existe definição sobre apoio a Bolsonaro pelo PSL, se procura outro nome ao Planalto para lançar pelo partido ou se adere a uma nova candidatura. “Estaremos na reunião para alinhar caminhos, desde o começo. Lógico que foi uma perda, mas iremos analisar qual a melhor alternativa diante deste panorama”, lamentou.
Bolsonaro aparece na segunda colocação em pesquisas de intenção de voto, atrás somente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ex-prefeito de Ribeirão Pires e recém-filiado ao Patriota, Clóvis Volpi afirmou que a “saída, de fato, deixou o partido sem chão”. Para ele, o fato de a cúpula ter depositado 100% de confiança na palavra do deputado acabou criando problema, citando insistência do parlamentar para ter controle de diretórios em diversos Estados do País, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. “Ele tem personalidade diferente do que se imaginava. Não tem grupo. Há males que vêm para o bem. Precisamos estudar segmentos da sociedade e hipótese de composição.”
Outro possível pleiteante a deputado, o secretário de Serviços Urbanos de Mauá, Chico do Judô, pontuou que o “resultado será menor (em representatividade), tendo em vista a “grande aceitação” do parlamentar, “só que não significa fim dos tempos”. “Certamente com ele teríamos forte reflexo na proporcional, mas agora é discutir para remodelar a campanha. Não dá para manter a fórmula.”