O presidente em exercício da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), criticou a decisão do presidente Michel Temer de demitir apenas quatro dos 12 vice-presidentes da Caixa Econômica Federal, indicados politicamente para os cargos. Ramalho defendeu que os cargos de direção de bancos públicos, como Banco do Brasil e não só a Caixa, sejam ocupados por técnicos. “Bancos, órgãos técnicos, têm de ser compostos por pessoas técnicas. Nós temos bons técnicos e os políticos têm de entender isso”, declarou Ramalho, após participar, no Planalto, ao lado de Temer, de cerimônia de liberação de recursos para o ensino médio.
Para Ramalho, estas demissões de dirigentes indicados por políticos não afetarão a reforma da Previdência, que acredita que precisa ser mais ampla e que, na sua avaliação, o governo não conseguirá os votos para aprová-la este ano.
Fábio Ramalho, que está substituindo Rodrigo Maia (PFL-RJ), que está em viagem ao exterior, disse, no entanto, que não tratou deste assunto com o presidente. Mas ressalvou que embora respeite a decisão de Temer, considera que “ele agiu tardiamente” ao demorar a afastar os vice-presidentes, mesmo depois das recomendações do Ministério Público. “Eu teria tirado todos os 12 vice presidentes”, declarou. “Vamos mostrar para o Brasil que queremos técnicos nos lugares que são de técnicos. Político tem de funcionar na política. Técnico, na área técnica”, emendou.
De acordo com Ramalho, “o afastamento dos quatro vice-presidentes (indicados por políticos) não inviabiliza reforma da previdência”. Para ele, “as indicações politicas têm de ser de outra maneira”. E explicou: “pode até ser indicação política, mas tem de ser indicação de um técnico. Partidos tem de escolher técnicos para indicar. Os partidos podem fazer uma lista de técnicos e indicá-los ao governo. Não precisa ser um nome só”, ensinou.
Embora tenha dito que a demissão dos vice-presidente tenha ocorrido “ainda em tempo”, o presidente em exercício reiterou que Temer “deveria ter demitido desde o início”. “Se fosse eu o presidente, eu teria substituído todos, na primeira recomendação. Não pode pensar muito não, tem de agir rápido. Mas o presidente tem o seu tempo e eu respeito”.
O deputado fez questão de insistir, no entanto, na necessidade de que os cargos técnicos sejam ocupados apenas por técnicos. “A minha avaliação é que essa regra tem de valer para todos os bancos públicos. Todos os cargos dos bancos têm de ser ocupados por técnicos. Eu não sei por que o governo afastou quatro dos 12 vice presidentes. Mas eu teria tirado todos os 12. Eles tiraram quatro porque avaliaram isso. Agora, eu, no meu caso, colocaria toda direção bancária, de todos os bancos oficiais com pessoas técnicas”, avisou.