Indústria da região tem melhor saldo de emprego desde 2011

A indústria do Grande ABC perdeu 94,7 mil empregos nos últimos seis anos. E, mesmo com saldo negativo em 2017, que resultou no fechamento de 5.150 postos de trabalho, o resultado é o melhor para as fábricas da região desde 2011, última vez em que as contratações superaram as demissões e houve a criação de 2.700 vagas. Os dados são de levantamento do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

O movimento nas sete cidades seguiu o ritmo do restante do Estado, onde o saldo de empregos também apresentou melhor desempenho desde 2011 – à época, haviam sido fechados 1.500 postos e, no ano passado, 35 mil.

O volume de cortes registrados nas plantas fabris do Grande ABC em 2017 é três vezes menor que o do ano anterior, quando as sete cidades perderam 20,3 mil vagas nas indústrias. Significa que 56 pessoas foram demitidas por dia, enquanto que, no ano passado, a frequência caiu para 14 demissões diárias.

De acordo com o diretor do Ciesp Diadema – cidade que fechou 150 postos de trabalho –, Anuar Dequech Junior, os resultados do emprego no ano passado indicam uma primeira etapa rumo à estabilidade econômica, que deve acontecer de maneira gradual ao longo de 2018. “Em crises passadas, a retomada foi mais rápida, o que eu não acredito que aconteça por conta de todo o contexto. Ao contrário das turbulências anteriores, que duravam seis ou oito meses, estamos sofrendo dificuldades há um tempo mais longo, amargando resultados negativos desde 2012. Além disso, a tendência da indústria é, em um primeiro momento, aumentar o volume de produção, mas ainda não aumentar as contratações, até sentir se a situação está sustentável”, explicou.

Entre os setores que já apresentaram sinais de melhora está o de autopeças, que é um dos principais, e fechou o ano com saldo positivo de 3,64%. “Se tudo correr bem, ainda mais na indústria automobilística, o que a gente ainda fala com cautela, teremos estabilidade e melhora no índice de empregos”, disse.

São Bernardo foi a cidade que mais perdeu vagas, encerrando 2017 com 4.900 cortes. Somente em dezembro, foram 1.250 postos. Na avaliação do diretor do Ciesp na cidade, Mauro Miaguti, o índice teve impacto de fechamento ou mudança de empresas no setor de produtos de metal (no ano, a queda foi de 46,93%). Porém, a situação poderia ter sido mais crítica se o ramo não tivesse apresentado bons resultados. “As montadoras de veículos já estão trabalhando praticamente sem lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) e algumas delas já estão contratando (a exemplo da Mercedes). Este número provavelmente vai ter melhora significativa neste semestre. No ano passado, a estabilidade na economia deu seus primeiros sinais depois do meio do ano, então havia excedente muito grande em lay-off. Ainda não deu tempo de reverter a situação”, afirmou. São Caetano também terminou o ano com queda, de 650 postos.


Santo André foi única a fechar no azul

A única regional que fechou no azul foi Santo André (que inclui Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), com saldo positivo de 550 vagas. O destaque foi para a indústria de móveis, com crescimento de 51,82%.

Proprietário de marcenaria na Vila Assunção, Rogério Mantelli fechou o ano com faturamento 20% maior do que em 2016. Segundo ele, hoje são oito funcionários trabalhando naturalmente, mas a previsão é contratar mais um no primeiro semestre. No fim do ano, três funcionários temporários se juntaram à equipe para dar conta da demanda de móveis sob medida. “Tivemos aumento de encomendas. Nossa clientela é muito fiel, mas também trabalhamos com divulgação na internet. O ano passado não foi ruim para nós”, destacou.

O segmento foi beneficiado pelo fato de a economia ter começado a reagir, mas não o suficiente para encorajar gastos robustos. Desta forma, quem não pode trocar de casa aposta em móveis novos.