Instituto descarta febre amarela como causa da morte de pedreiro

Laudo emitido pelo Instituto Adolfo Lutz, da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, descartou a febre amarela como causa da morte do pedreiro Eli José de Oliveira Silva, 56 anos. A informação foi confirmada ontem pela Prefeitura de Santo André durante lançamento de campanha de vacinação para prevenção da doença.

Morador de Santo André, o pedreiro morreu no dia 14, no Hospital Bartira, localizado na mesma cidade, onde profissionais de Saúde haviam cogitado diagnóstico de febre amarela no paciente. A suspeita era a de que o vírus teria sido contraído durante viagem ao município de Dourados, no Mato Grosso do Sul, entre os dias 23 de dezembro e 6 de janeiro, quando foi pescar com a mulher e o sobrinho em área de mata fechada. Nenhum dos três havia tomado a vacina.

Embora o atestado de óbito alegasse que a morte foi decorrente de infarto agudo e ruptura de parede do miocárdio (coração), médicos da unidade de Saúde chegaram a colher exame de sangue do paciente após o óbito para investigar se a vítima estava com a doença. No entanto, laudo divulgado ontem, pelo Instituto Adolfo Lutz, descartou a presença do vírus.

Até o momento, 81 casos autóctones de febre amarela silvestre foram confirmados no Estado, nenhum deles em municípios do Grande ABC. Destes, 36 evoluíram para óbito.

Com a finalidade de proteger a população preventivamente do vírus, municípios da região iniciam na quinta-feira campanha de vacinação contra a febre amarela. A meta é imunizar, até 17 de fevereiro, 2,3 milhões de moradores – o equivalente a 84,7% da população total do Grande ABC. Durante a campanha, todas as 130 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da região funcionarão das 8h às 17h.

CAMPANHA

Com o slogan Não Vacile. Vacine-se! Quem tem o Brasão Amarelo no Peito Não Tem a Amarela no Sangue, a Prefeitura de Santo André apresentou, ontem, as diretrizes que irão reger a campanha de vacinação contra a febre amarela. A imunização será oferecida, a partir do dia 25, em todas as 27 unidades básicas de Saúde da cidade, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

“A cidade já recebe a partir de quarta-feira (amanhã) o primeiro lote de 150 mil vacinas e um segundo lote, posterior a este, que possibilitará vacinar o município inteiro”, explicou o prefeito Paulo Serra (PSDB).

Na tentativa de contemplar moradores que trabalham durante a semana, a Prefeitura realiza, já no sábado, o primeiro mutirão da campanha. Além desta data, os dias 3 e 17 de fevereiro também terão vacinação em todos os postos de Saúde espalhados pela cidade.

O secretário de Saúde, Márcio Chaves, sinalizou ainda a possibilidade de priorizar as pessoas que vão viajar para área de risco. “Estamos pensando em reservar uma de nossas unidades, provavelmente a do Centro, para atendimento daqueles que precisam tomar a vacina o quanto antes.”

Moradores de áreas próximas à Represa Billings também terão atenção especial. Para isso, agentes de Saúde farão divulgação da campanha porta a porta.

Prevenção ao Aedes aegypti deve ser mantida

Embora o risco de registro da febre amarela urbana seja pequeno, moradores da região devem redobrar os cuidados com o mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão do vírus nas cidades. O alerta é feito pelo imunologista e professor de Saúde Pública da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Jan Carlo Delorenzi.

“O ressurgimento da transmissão urbana, ou seja, por mosquitos que vivem na cidade, que é o caso do Aedes, depende muito da prevenção feita pela população. Por isso é importante que moradores evitem a proliferação do mosquito não deixando água parada, dentre outras tarefas”, enfatiza Delorenzi.

De acordo com o especialista, desde 1942 não existem casos da febre amarela urbana no Brasil. No entanto, a prevenção deve ser mantida pela população.

Atualmente, municípios do Estado vivem um surto da febre amarela silvestre, ou seja, aquele vírus que é transmitido por meio da picada de mosquitos Haemagogus e Sabethes, que vivem em matas e vegetações à beira dos rios. “A vacinação é a principal medida de prevenção para o vírus. Além disso, é importante salientar que o vírus não é transmitido por macacos”, afirma Delorenzi.

AÇÃO CONJUNTA

Secretários de Saúde da região devem se reunir hoje na sede do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC para debater possível ação conjunta durante a realização da campanha de vacina contra a febre amarela, que começa na quinta-feira.

Morador da Capital com morte suspeita é enterrado na cidade

Juliana Stern
Especial para o Diário

Morador do Jardim Maria Estela, na Capital, o metalúrgico aposentado Amancio Alves Pinto, 71 anos, veio a óbito no domingo, no Hospital das Clínicas, onde havia sido internado na quinta-feira, com suspeita de febre amarela. O corpo da vítima foi enterrado, ontem, no Cemitério Memorial Jardim Santo André, em Santo André.

De acordo com familiares, foram realizados exames de sangue para atestar a presença do vírus, o que consta na declaração de óbito. “Não temos a constatação pelo exame, porque o resultado demora muito para sair, mas, de acordo com o médicos, ele apresentava todos os sintomas da doença”, afirma o filho, Alexandre Alves Pinto, 44. A família acredita que Amancio possa ter contraído a doença durante viagem a sua cidade natal, Ponta Nova, em Minas Gerais, no início do mês. Ele não havia tomado a vacina.

De acordo com a Prefeitura de Santo André, por conta de a vítima ter sido apenas enterrada no município, não será necessário realizar o procedimento de nebulização (aplicação de veneno) nas áreas próximas ao cemitério, “pois não há chance de mosquito ser infectado com o vírus ao picar o falecido e transmitir a doença”.

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