Palavras sensíveis

A delicadeza das palavras e dos sentimentos de Luzia Machado Noronha ganha vida mais uma vez. Agora no livro Primeiras Luzes: Entrecantos (Alpharrabio Edições, 136 páginas, R$ 38, em média), cujo lançamento está marcado para amanhã, em Santo André, na Alpharrabio Livraria (Rua Eduardo Monteiro, 151. Tel.: 4438.4358), a partir das 19h. A entrada é gratuita.

Doutora em Semiótica da Literatura pela PUC de São Paulo, a autora de São José do Rio Pardo, radicada em São Bernardo desde 1968, apresenta em seu terceiro livro de poemas, que sucede as obras Iconicidades (1998) e Tessitura (2007), mais de 100 escritas que foram criadas ao longo de dois anos, após a autora ter deixado as aulas de Linguística, Língua Portuguesa e Comunicação e Expressão.

“O livro é permeado de dedicatórias, de diálogos com as pessoas”, explica a autora ao Diário. Ela diz que parte do título do livro (Primeiras Luzes) se refere a um começo. “É como se a produção poética se reportasse a um momento de iniciação. É um novo momento meu e em sincronia com tudo o que acontece no mundo. De algo que ainda não existe e passa a existir”, diz. Para ela, é uma ênfase às mudanças. Mas não é tudo. A continuação do título do livro, Entrecantos, segundo ela, palavra que não é dicionarizada, aliás, traz embutida a palavra encantos. “Tem um sentido encantador, mágico”, explica.

Luzia conta que as inspirações, na hora de escrever, surgem naturalmente. “Auguste Rodin (1840-1917), o artista francês, dizia aos seus alunos para aprenderem as regras, mas na hora de criar, jogarem tudo fora e utilizarem a inspiração”, diz a autora. Para ela, na hora da escrita, a iluminação surge. “Ela vem de dentro, do nosso íntimo. A poesia está muito ligada à sensibilidade, ao amor e ao que é solidário”, explica.

O livro, para ela, é sempre algo inerente, próprio do autor. “Minhas marcas ficam na obra. Deixamos muito de si no que criamos.” Para a autora, o poema é algo especial, feito para a alma, coração, sensibilidade. Ela acredita que o homem só é completo se vivenciar e cultivar o que é sensível. “Não podemos ter apenas técnicas. Temos de abrir caminhos para a sensibilidade e para a arte.”