O ano de 2018 começou com mais gastos nas compras do mês no supermercado. A média do valor da cesta básica chegou a R$ 577,34, o que representa R$ 13 a mais no total desembolsado em dezembro, e R$ 15,73 mais do que em janeiro de 2017. As fortes chuvas do mês passado, aliadas ao calor intenso, dispararam o preço do tomate em 64,07%, que se tornou o principal vilão do kit de compras de primeira necessidade.
Os dados são do levantamento feito pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André). O valor dos 34 itens cotados teve alta de 2,30% em relação a dezembro do ano passado (quando custava R$ 564,34) e de 2,80% na comparação com janeiro de 2017 (que saía por R$ 561,61).
Além do tomate, cujo valor do quilo saltou de R$ 3,74 para R$ 6,13, a batata e a cebola também tiveram altas expressivas, todas ocasionadas pelo mesmo motivo: o clima. A umidade, causada pelas frequentes chuvas de verão e pelo calor, atrapalhou as plantações. A alta no quilo da batata foi de 31,66% (de R$ 2,39 para R$ 3,14) e, no da cebola, 12,59% (de R$ 2,30 para R$ 2,58).
De acordo com o engenheiro da Craisa e coordenador da pesquisa Fábio Vezzá De Benedetto, a intensa procura pelos hortifrúti também estimulou alta ainda maior dos preços junto as condições climáticas.
“Tivemos um janeiro muito úmido, o que atrapalhou a colheita. O tomate é bastante sensível, e até mesmo a batata, que é subterrânea, é muito suscetível à contaminação por fungos, já que por conta do clima há mais dificuldades até para aplicar os defensivos. Muita gente acaba perdendo a produção. Enquanto isso, o consumo de verduras é muito forte neste período”, explicou.
Benedetto também pontuou que a aumento no valor da cesta era esperada, porém em proporção menor. “É um mês com muitos impostos e contas para pagar, e depois das festas de fim de ano, o consumo e os preços tendem a diminuir, já que muita gente também viaja em janeiro. Eu acreditava que com a demanda reprimida, devido ao orçamento baixo, os hortifrúti não aumentariam tanto de preço, pois achava que muitos deixariam de comprar. Mas o clima diminuiu a oferta.”
O gerente de operações da rede de supermercados são-caetanense Joanin, Vitor Esplugues, destacou que os consumidores têm preferido levar quantidade menor dos produtos que tiveram as maiores altas. E, para evitar desperdício, as compras estão sendo feitas de acordo com a demanda. “Os três itens (tomate, batata e cebola) têm utilização bem frequente na cozinha, então a substituição é complicada. O que está acontecendo é uma redução de volume adquirido, mas não uma migração para outros produtos. Até porque, mesmo com essa alta, itens básicos como arroz e feijão têm mantido seus preços.”
Apesar da perspectiva de que o clima continue a impactar nos custos dos hortifrúti e, consequentemente, de toda a cesta, a diminuição na demanda pode influenciar possível redução nos valores.
QUEDA DE PREÇOS – Entre os destaques dos produtos que mais tiveram queda nos preços em relação a dezembro, a banana ficou 8,33% mais barata. As férias escolares reduzem expressivamente o consumo da fruta, o que baixa seu custo. “Nós cotamos banana nanica, que faz parte da alimentação escolar, imagine essa distribuição para todos os municípios. É grande parte da demanda. Além disso, o nosso produto vem principalmente do Vale do Ribeira, onde não houve enchentes e favoreceu a safra”, destacou Benedetto.