Delações premiadas feitas por três ex-executivos da Odebrecht acusam o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT) de ter recebido R$ 300 mil em caixa dois durante a campanha de 2014 e envolve o ex-prefeito de São Bernardo e pré-candidato ao governo estadual Luiz Marinho (PT) no assunto. Os depoimentos atingem também o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT).
Luiz Antonio Bueno Junior, Alexandrino Alencar e Benedito Barbosa da Silva Júnior contaram em seus depoimentos prestados em 2016 e que tiveram sigilo derrubado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que Luiz Fernando procurou a empresa solicitando doações para a campanha em que foi eleito deputado.
De acordo com os documentos apresentados pelos delatores, o nome usado para designar o deputado nas planilhas era ‘Lamborguiny’.
A movimentação, de acordo com os ex-funcionários da Odebrecht, teria tido indicação do ex-prefeito. Segundo Luiz Antonio Bueno Júnior, que foi diretor superintendente da Odebrecht Infraestrutura, responsável pela região Sul e pelo Estado de São Paulo, Marinho recomendou a Luiz Fernando que fizesse uma visita à companhia.
Após o pedido do deputado, a empresa aceitou realizar doação oficial para a campanha, destinada ao diretório nacional do PT, no valor de R$ 251 mil. E outros R$ 300 mil teriam sido designados como caixa dois.
“Marinho tinha protagonismo no Grande ABC. Então, um pedido dele sempre teria que ser levado em consideração. O Luiz (Fernando) esteve comigo e fez a solicitação, igualmente como outros candidatos”, afirmou Bueno Junior em sua delação, que relatou ter discutido o assunto no comitê de campanha do petista.
Por sua vez, Alexandrino Alencar contou à PGR (Procuradoria Geral da República) que a Odebrecht tinha interesse em projetos desenvolvidos no município como obras de Mobilidade Urbana. O ex-executivo pontuou que conheceu Luiz Fernando em 2012 por intermédio de Marinho.
Alencar destacou também que o deputado Luiz Fernando teria tentado ajudar a empresa em contratos e demandas com a Prefeitura de São Bernardo, mas que “não obteve sucesso”.
Já Benedito Barbosa da Silva Júnior ocupou seu depoimento à Justiça detalhando como funcionavam os pagamentos realizados pela empreiteira. A PGR apresentou uma lista de supostos pagamentos que foram aprovados pelo ex-executivo. Entre eles é mencionado repasse de R$ 30 mil para a campanha de Vicentinho a deputado federal, em 2010, como caixa dois. O tema virou inquérito no STF e ainda está sendo investigado pela Justiça.
Petistas rebatem acusações feitas por ex-diretores da empreiteira
O deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT) afirmou que enxerga com “indignação” a informação de que estaria envolvido na denúncia. “Como ainda não tive acesso ao conteúdo, reitero que todas as doações da minha campanha foram legais, ocorrendo de acordo com a legislação eleitoral. Nunca solicitei recursos ilegais para financiar a minha campanha.”
Ex-prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT) destacou que “nunca autorizou qualquer pessoa a falar em seu nome sobre esse ou qualquer outro assunto”.
O deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT), afirmou que a citação feita à sua campanha de 2010, de acordo com o STF (Supremo Tribunal Federal), não tem relação com a Lava Jato e que os delatores acreditam ter doado para um representante ligado a ele. “Não há qualquer relação com corrupção e o relato é inseguro, não tem provas. Tenho a mais profunda confiança em Luiz Marinho e Luiz Fernando, que são pessoas éticas”, afirmou.