França despista sobre convite para o PSDB

Na iminência de herdar a chefia do Palácio dos Bandeirantes, o vice-governador e pré-candidato à reeleição Márcio França (PSB) evitou descartar explicitamente a possibilidade de trocar o PSB pelo PSDB para disputar a sucessão do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Durante ato do partido em Diadema, ontem, o socialista negou ter recebido convite para migrar para o tucanato, mas desconversou sobre eventual mudança.

Na semana passada, o Diário mostrou que, na tentativa de formar palanque único em São Paulo para candidatura à Presidência, a estratégia de Alckmin seria filiar França no tucanato e, caso o vice-governador fosse reeleito, garantiria a hegemonia dos tucanos no comando do governo paulista.

“O (João) Doria (prefeito da Capital) deu uma entrevista dizendo que tem um jeito de fazer um palanque único, me levando para o PSDB. Então, eu devolvi dizendo que convidei o Doria e o Alckmin para virem para o PSB. Enfim, isso tudo é especulação. O PSDB tem todo o direito de ter candidato. Se tiver um candidato, a gente vai respeitar. Agora, eu estou no PSB. O candidato (aos Bandeirantes) vai ser do PSB e vamos fazer coligação com muitos partidos e eu espero ganhar com essa coligação”, afirmou.

Ao ser questionado se está veementemente descartada a possível troca, França despistou. “Não tem sentido porque ninguém me convidou nem tem sentido me convidarem. Convidei de brincadeira o Alckmin para se filiar no PSB e disse que, se ele aceitar, eu desisto de ser candidato a governador e apoio qualquer nome do PSDB (na disputa estadual).”

Ladeado por assessores, por diversas lideranças do PSB no Grande ABC e pelo ex-deputado federal Aldo Rebelo, Márcio França participou da reinauguração da sede do diretório do partido em Diadema, no Centro. Em seu discurso, o vice-governador voltou a alfinetar Doria, cotado para ser candidato ao governo paulista pelo PSDB. “Nós não vamos dar solução ao Brasil se não for pela política. A gente não tem de ter vergonha da política. Na minha família tem um monte de médicos e eu resolvi ser político desde pequenininho. É ruim quando a pessoa se elege falando que não é político e que por isso merece o voto. No dia seguinte da eleição a pessoa passa a ser político.”

Ao lado do presidente do PSB diademense e mandatário da Câmara, Marcos Michels, o vice-governador evitou defender o nome do parlamentar como candidato a deputado estadual, como deseja o vereador. “Aqui em Diadema e em todas as cidades do Grande ABC têm de ter bons candidatos. Faz parte do jogo. O Marcos quer sair, o (vereador Célio) Boi também quer. (Deixem se candidatar) Quantos quiserem sair candidatos. Temos de abrir a chance, porque hoje em dia é difícil alguém querer disputar eleição, as pessoas têm medo de se meter na política.”

Marcos cita que projeto é irreversível

Após o evento ao lado do vice-governador Márcio França, o presidente da Câmara de Diadema, Marcos Michels (PSB), garantiu que sua candidatura a deputado estadual “é irreversível”.

Foi a primeira vez que o parlamentar assegurou seu projeto publicamente independentemente da vontade do prefeito Lauro Michels (PV), que, diante da rejeição do vice-prefeito Márcio da Farmácia (PV) em ser o postulante do governo à Assembleia Legislativa, já tem dito internamente que quer ver Marcos sair a federal, em dobrada com a secretária Regina Gonçalves (PV, Habitação), que novamente disputaria cadeira no Parlamento.

“É irreversível (a candidatura a estadual). O PV é um partido importante, tem a maior bancada na Câmara, tem o prefeito e o vice, mas acredito que, para a gente permanecer ajudando a população, por que o PV não pode abrir mão para apoiar projetos dos aliados? Isso também vai fortalecer (o grupo político) em 2020”, defendeu.

O ato de ontem reuniu diversos nomes do PSB na região. Segundo os organizadores, o evento reuniu entre 350 e 400 pessoas.