A Prefeitura de Diadema decidiu engavetar temporariamente o projeto para construção do primeiro terminal rodoviário do município. A decisão foi tomada após tentativas de PPP (Parceria Público-Privada), que viabilizaria o complexo, fracassarem. Atualmente, moradores da cidade precisam se deslocar para São Bernardo ou o bairro Jabaquara, na Capital, para embarcar em ônibus de viagem.
Em discussão desde 2013, quando foi apresentada pelo então prefeito Mário Reali (PT), a proposta perdeu força dentro da atual gestão, chefiada por Lauro Michels (PV), conforme reconhece o próprio secretário de Transportes José Carlos Gonçalves. “A ideia não está morta, mas agora já não tem mais a importância de antes”, afirma.
Durante os últimos anos, para viabilizar a obra, a Prefeitura empenhou esforços para a criação de PPP com o objetivo de erguer o equipamento. A ideia era que empresa interessada no projeto construísse o terminal e, depois, como contrapartida, recebesse o lucro da operação. Sem interessados, no entanto, o projeto sequer saiu do papel. “Muitos empresários não acharam a proposta vantajosa neste momento de crise”, justifica Gonçalves.
De acordo com o secretário de Transportes, o município chegou a tentar segunda proposta de viabilizar o projeto, ao negociar a compra de área de 17 mil metros quadrados localizada na Avenida Pirâmide, no Jardim Inamar, onde funcionava a antiga fábrica Quentinha. As tratativas também não vingaram. “A área era perfeita, pois o espaço comportaria a rodoviária e está do lado da saída para a (Rodovia dos) Imigrantes, mas o proprietário acabou desistindo da ideia”, destaca Gonçalves, sem especificar, entretanto, custos do projeto e terreno.
Conforme apurado pelo Diário, as negociações teriam fracassado após a Prefeitura tentar parcelar a compra do terreno por longo período. “Eles tentaram fazer em 100 prestações e o dono não quis”, relata vigilante que atua nas proximidades do terreno em questão, que preferiu não se identificar.
Questionada sobre os valores do projeto, a Prefeitura de Diadema não se manifestou até o fechamento desta edição.
TRANSTORNOS
Passageiros que precisam ir a municípios vizinhos para conseguir fazer viagens de ônibus relatam transtornos enfrentados e a frustração com a decisão de engavetar o projeto. “Ajudaria bastante se tivesse rodoviária aqui. Por mais que a gente esteja próximo do Jabaquara, é ruim levar mala no trólebus até São Paulo”, relata o aposentado Valdecir Raimundo da Silva, 59 anos.
Em dezembro, a líder de produção Marlene Chaves, 52, enfrentou de perto esse transtorno. Ela, que viajou para Santa Catarina durante as festas de fim de ano, precisou se deslocar até a Rodoviária do Tietê para embarcar em ônibus interestadual. “Como tinha muitas malas, foi muito difícil. Deveriam pensar nisso antes de descartar o projeto.”
Atualmente, as únicas cidades do Grande ABC que não têm terminais rodoviários são Diadema, Mauá e Rio Grande da Serra.
Mobilidade é foco em encontro que tratou da elaboração de plano diretor
A discussão de projetos voltados para a área de Mobilidade Urbana foi, ontem, a pauta da segunda reunião do Plano Diretor 2018 de Diadema.
No encontro, realizado no auditório do Paço Municipal, representantes da administração municipal e sociedade civil discutiram a elaboração de sistemas de transporte não motorizado, de acessibilidade e de ciclovias, além de ações de inteligência em monitoramento do sistema de trânsito e estacionamento rotativo.
A implantação de sistema de transporte público coletivo com número maior de linhas e capacidade ampliada da frota também foi abordada no encontro. “É o início para a elaboração e execução de um plano que trará o desenvolvimento da cidade nos próximos anos”, destacou o secretário de Transportes e coordenador do eixo, José Carlos Gonçalves, durante a realização da reunião.