Dobras, cortes, círculos, estudos de tintas e formas geométricas. Pioneiro do Concretismo no Brasil, o artista plástico andreense Luiz Sacilotto se foi há exatos 15 anos, aos 78, vítima de parada cardíaca. Mas, apesar de não estar mais entre nós, sua obra segue tão viva quanto antes, assim como seu nome e influência. Conceituada figura do universo artístico brasileiro do século 20 e que surge com a proposta de pensar arte contemporânea no País, Sacilotto lançou, em 1952, na Capital, a mostra e o manifesto do grupo Ruptura, que marca o início do concretismo no Brasil.
O artista deixou peças, entre telas gravuras e esculturas que parecem se mover diante de olhos e que podem ser vistas por Santo André. Há, inclusive, sala dedicada a ele com várias peças na Casa do Olhar Luiz Sacilotto, no Centro. Vale lembrar que o Salão de Arte Contemporânea da cidade, que chega neste ano à sua 46ª edição, tem o nome do andreense.
Pelas ruas, é possível avistar também peças como a Concreção 005, instalada na Rua Coronel Oliveira Lima – cujo piso da calçada é assinado pelo artista – e que, recentemente, sofreu, mais uma vez, ação de vândalos. A obra em aço carbono pintado nas cores vermelha e amarela, tem quatro metros de altura. Outra escultura é Concreção 0011. Está em frente ao Parque Central. Construída também em aço carbono, pesa dez toneladas. O Sesc Santo André guarda outra preciosidade, mural feito em três faces. A Universidade Federal do ABC e o Espaço Permanente do Acervo de Arte Contemporânea – Pinacoteca de Santo André, na Sabina Escola Parque do Conhecimento, também contêm material do artista.
Para Nilo de Almeida, encarregado da Casa do Olhar e especialista em artes plásticas, Luiz Sacilotto é nome muito importante. “Ele começa figurativo e se localiza no abstrato geométrico”. Almeida acredita que a contribuição de Sacilotto para as artes é algo que ainda está em construção. “Tem o (Candido) Portinari, a Tarsila (do Amaral), que já é claro quem são. O Sacilotto ainda está em processo. Assim como ele, vários outros estão nesse curso”, analisa.
Betto Damasceno, artista plástico de São Bernardo, diz que umas das melhores surpresas nos trabalhos de Sacilotto é “acompanhar seu caminho, desde seu início, no expressionismo, passando pelas abstrações, concretismo. O resultado de sua obra é fruto de estudos, pesquisas e observação em constante evolução.”
Para Alex Flemming, artista plástico paulistano radicado em Berlim, Sacilotto foi um dos grandes. “Artista que produziu sua obra a partir de Santo André, o que prova que arte está dentro da pessoa e não em Paris ou Nova York. Foi um óptico-geométrico e, apesar da minha arte ser basicamente figurativa, sempre admirei seu rigor estético. Cheguei a retratá-lo há muitos anos em minha série Alturas.”