O torcedor do São Caetano deve ter saudades do time que levantou a taça do Campeonato Paulista de 2004. Um dos principais jogadores daquele grupo era o meia Marcinho. Agora, porém, o ex-jogador se concentra para fazer sucesso em outra profissão: a de treinador.
Ele contou que até quando estava em atividade já pensava no que fazer ao fim da carreira. “Dentro de campo eu já observava o sistema tático, desde o comportamento dos treinadores aos diretores. Trabalhar com atletas faz com que eu tenha o sentimento de estar vivo”, disse.
O último clube da carreira de Marcinho foi o Amparo, em 2014, quando se aposentou, aos 34 anos. Lá foi onde teve a primeira oportunidade fora dos gramados. Ao mesmo tempo em que jogava, ele era gestor do clube. Com dificuldade de administrar as duas coisas, o ex-meia revelou como foi a decisão de focar em ser técnico. “Sempre estive preparado para parar, e já estava vendo os cursos para fazer enquanto jogava, mas a decisão chegou quando a minha mulher me falou: ‘Eu não vejo mais brilho nos seus olhos’. Então, aquilo ficou na minha cabeça e não pensei duas vezes. Avisei a meus familiares e isso tirou 1 milhão de toneladas das minhas costas. Agradeço minha carreira, mas agora o foco é ser treinador”, falou.
O ex-jogador aproveitou esse tempo sem atuar para estudar visando o novo cargo. Ele fez o curso da CBF acompanhado de diversos jogadores e tirou a licença B para poder ficar à beira do campo. Destacou que foi muito importante neste início, já que pôde ter conhecimento de outras áreas. “No curso aprendi sobre leis, preparação fisiológica, psicológica e vi como funciona isso. Quero fazer outro para tirar a licença A. Tenho que me preparar porque na minha vida tudo acontece muito rápido. Gosto de ler, de me aprimorar, e não tenho pressa. Pretendo ganhar títulos como fiz quando jogador e quem sabe um dia conseguir treinar o São Caetano”, completou.
Marcinho defendeu as camisas, além do Amparo, de Paulista, Corinthians, Palmeiras, Cruzeiro, Atlético-PR, Ituano, Ponte Preta e Red Bull, além de passagens por Kashima Antlers, do Japão, e Al-Ahli, da Arábia Saudita. Mas guarda o São Caetano no coração.
O agora treinador aproveitou para relembrar sua passagem pelo clube e disse o quanto foi importante para a carreira. “O São Caetano me projetou. Tive passagem pelo Corinthians antes, mas não apareci muito. Já as atuações que tive aqui no (Grande) ABC me fizeram chegar à Seleção sub-20 e à sub-23 também. O título de 2004 me firmou no cenário do futebol e me fez chegar ainda à Seleção principal. Foi o melhor momento da minha carreira. Todos os jogadores se entendiam no São Caetano. Independentemente do treinador, o que fez a diferença foi o espírito do grupo, que era muito alegre. Esse elenco me marcou muito. Se hoje se lembram de Marcinho, é por conta do São Caetano”, disse o ex-atleta,
Segundo maior artilheiro da história do Azulão, com 45 gols, ficando atrás somente de Adhemar, que soma 68, o técnico se declarou ao clube. “Olho para este estádio e lembro de cada jogo que fiz aqui. É um lugar que me sinto muito confortável. Sou o segundo maior artilheiro do clube. E isso tudo me deu confiança e amadurecimento para o restante da minha carreira. O São Caetano é minha segunda casa. Toda vez que eu penso no clube me faz bem”, destacou.
Ele aproveitou para falar o que pretende realizar nesta temporada, enquanto não tira a licença A da CBF. “Quero fazer alguns estágios com técnicos que me dirigiram. São pessoas que me dão oportunidades. Sei que tenho capacidade para gerir pessoas. No futebol isso é importante. Tite, Muricy (Ramalho) e (Paulo) Autuori fazem muito isso. Me inspiro em todos, tiro um pouco de cada um”, finalizou.