Em protesto contra a reforma da Previdência, cuja votação é prevista pelo Congresso até o fim do mês, os bancários irão paralisar suas atividades na segunda-feira, dia 19. Embora não seja possível estimar quantas pessoas podem ser prejudicadas, o sindicato representante da categoria afirma que a expectativa é que todos os trabalhadores cruzem os braços. Vale lembrar que a região conta com cerca de 400 agências, que empregam, aproximadamente, 7.000 pessoas.
“Os trabalhadores estão muito preocupados com a aprovação da reforma e temem por suas aposentadorias”, destaca Belmiro Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários do ABC. “Este governo privilegia apenas alguns setores, como os sonegadores da Previdência”, completa.
Segundo Moreira, não há manifestações programadas para segunda, e a única instrução é para que os bancários não operem no dia.
Procurada, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informa que, “no caso de haver qualquer dificuldade de acesso dos clientes às agências bancárias nesse dia, os bancos colocam à disposição da população série de canais alternativos para que os clientes consigam realizar suas transações”.
É importante destacar que o fechamento das agências bancárias não isenta o consumidor de pagar suas contas em dia. O Procon afirma que é dever da empresa credora oferecer outras formas ou locais de pagamento – como pela internet, em casas lotéricas ou a partir da emissão de código de barras para quitar o valor nos caixas eletrônicos.
O sindicato diz que, além de agentes instruindo clientes nas portas dos bancos, o fechamento completo das agências depende da adesão de seus funcionários. Em greves passadas, por exemplo, as unidades mais afastadas dos centros das cidades não participaram do movimento.
De acordo com o Procon, a greve é um risco previsto nas atividades de um banco, portanto, ela também é responsável pelos prejuízos causados ao consumidor com a paralisação. A instituição recomenda ainda que os contatos com as instituições sejam registrados via e-mail ou pelo número de protocolo.
OUTRAS CATEGORIAS – Cerca de 9.000 trabalhadores das indústrias químicas do Grande ABC também irão aderir à greve nacional na mesma data. “Precisamos nos manifestar também contra a reforma da Previdência para garantir que nossos direitos à aposentadoria sejam mantidos, mesmo depois da reforma trabalhista”, assinala Raimundo Suzart, presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, que fará reunião hoje para definir a agenda de manifestações nas empresas.
Ao mesmo tempo, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cuja base é de 60 mil trabalhadores, orienta que a categoria fique em casa, e diz que não fará nenhum ato na região.
Já o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano afirma que irá convocar os trabalhadores da base para participar das manifestações das centrais sindicais na Capital, porém, os funcionários da GM (General Motors), que são a maior parte da categoria (9.000 dos 10 mil da base), estão em férias coletivas.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá realizará reunião hoje para definir qual será a instrução para os cerca de 15 mil trabalhadores da categoria, assim como os rodoviários. Os ferroviários e metroviários, por sua vez, afirmam que não irão paralisar, porém, haverá participarão nos atos das centrais sindicais.
Suzart alega que, caso mudanças sigam para votação no Congresso, as mobilizações irão continuar, e os sindicatos não descartam a possibilidade de protestar em Brasília.
A previsão é a de que a reforma da Previdência volte à pauta da Câmara dos Deputados na semana que vem e, até dia 28, sejam concluídas as mudanças nas regras.
Dentre as alterações destacam-se a idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens, com pelo menos 15 anos de contribuição – atualmente, é de 60 anos para elas e 65 para eles, com 30 e 35 anos de contribuição, respectivamente. E, para obter aposentadoria integral, serão precisos 40 anos de pagamento ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).