Racismo sofrido pelos campeões mundiais em 1958 vira livro

Em junho, uma das conquistas mais importantes do futebol brasileiro faz 60 anos. Será época de reverenciar craques como Pelé, Garrincha, Didi e Djalma Santos, que puseram o Brasil pela primeira vez no hall dos campeões mundiais ao vencer a Suécia por 5 a 2. Parte crucial desta história pouca gente conhece. Além de superar os rivais, o quarteto desmistificou lenda de que negros não serviam para o futebol porque tremiam em momentos decisivos. Junto com o título da Copa de 1958, eles cicatrizaram ferida aberta desde a perda do Mundial de 1950, para o Uruguai, no Maracanã.

O assunto é a pauta do livro Campeões da Raça – Heróis Negros da Copa de 1958, escrito pelo jornalista Fábio Mendes e previsto para ser lançado em maio. Na publicação, o autor pretende mostrar como o preconceito, por mais silencioso que fosse, influenciava nas decisões tomadas dentro e fora de campo.

“Sempre me interessei por esse assunto e decidi produzir livro sobre isso. Foram dois anos de pesquisa, ouvindo fontes, colhendo depoimentos e lendo jornais para separar o que era mito e o que é verdade. Percebi o quanto este preconceito silencioso atrapalhava os jogadores negros”, constatou Fábio.

O jornalista conta que teve dificuldade para se aprofundar com personagens importantes da história – apenas seis jogadores ainda estão vivos: Pelé e Zagallo, que eram titulares, além de Mazzola, Dino Sani, Moacir e Pepe. “Mesmo passados 60 anos, esse assunto ainda é tabu entre as pessoas que vivenciaram. Era um preconceito que se arrastava desde a derrota na final do Mundial de 1950, em pleno Maracanã, e partia principalmente de uruguaios e argentinos, mas também dos próprios brasileiros”, revela.

Por mais que tivesse proposta de duas editoras, o jornalista optou por publicar o livro de forma independente e, para isso, está fazendo vaquinha virtual por meio do site www.catarse.me/campeoesdaracalivro. Ele pretende arrecadar R$ 24,5 mil para conseguir publicar a obra.