Cerca de 800 integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) interditaram, na tarde ontem, ruas e avenidas do Centro de São Bernardo em protesto contra a reforma da Previdência, cuja votação do projeto está prevista pelo Congresso para ocorrer até o fim do mês.
Assim como aconteceu em janeiro, manifestantes descumpriram acordo firmado junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo, por meio do Gaorp (Grupo de Apoio às Ordens Judiciais de Reintegração de Posse), ao interditar vias em sua totalidade durante o ato político.
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o policiamento na Praça da Matriz, local onde foi realizada a concentração dos manifestantes, foi reforçada “com o objetivo da preservação da ordem pública e para a segurança dos manifestantes”.
Liderados por integrantes do movimento social e representantes de partidos da esquerda, manifestantes realizaram passeata de uma hora e meia pela Rua Marechal Deodoro até o Paço de São Bernardo.
Munidos de faixas contra a reforma da Previdência, lideranças do MTST se revezaram na realização de discursos contra o projeto. “Vamos lutar para essa reforma não passar. Sabemos que não existe voto suficiente para que o projeto passe, mas precisamos manter a luta. Aliás, enquanto eles (políticos) recebem auxílio-moradia, nós, aqui, continuamos morando em barracos”, enfatizou Andreia Barbosa da Silva, uma das líderes do movimento.
Ao longo do ato, no entanto, os discursos entoados por lideranças ganharam tom meramente político. “Uma salva de palmas para todos os prefeitos da região”, disse um dos puxadores da passeata.
Até mesmo a publicação de decreto de intervenção militar na Segurança Pública do Rio de Janeiro, ontem, pelo presidente Michel Temer (MDB), foi pautado no discursos do grupo. “Vamos resistir a essa ditadura militar imposta por este governo golpista e ilegítimo”, discursou o deputado federal Ivan Valente (Psol), que apareceu no ato para encerrar a passeata na frente do Estádio 1º de Maio, em São Bernardo. “Foi exatamente aqui, em 1980, que mudamos a história deste País”.
OPINIÕES DIVERSAS
Ontem, durante o ato, moradores de São Bernardo que foram surpreendidos com a passeata manifestaram opiniões divergentes sobre o ato.
Para o pintor Cristóvão Nunes dos Anjos, além de ser legítimo, o ato deu voz a toda classe de trabalhadores da cidade. “Super apoio. Precisamos manter nossos direitos”, afirmou.
Já para o auxiliar administrativo Rodrigo Tavares, 33, a manifestação não passou de “ato político”. “Na gestão passada ninguém interditava as ruas e fazia essa bagunça. Agora eles estão aí sempre atrapalhando a vida dos reais trabalhadores.”
OCUPAÇÃO
O MTST ocupa, desde setembro do ano passado, área no bairro Assunção, em São Bernardo. O grupo deve deixar o espaço, pertencente à MZM Incorporadora, de forma espontânea até 10 de abril, conforme acordo judicial.