Grupo MCTA, de São Caetano, celebra 42 anos com o espetáculo ‘Cante para eu Dormir’

A última vez em que os artistas do MCTA (Movimento Cultural Teatral e de Artes) se apresentaram oficialmente foi há pouco mais de dois anos, com a encenação de Via Crucis – A Paixão do Povo, na Praça daRiqueza, em SãoCaetano. O corte da subvenção recebida da Prefeitura à época – na gestão de Paulo Pinheiro – fez com que futuras produções fossem extintas. Mas uma história de 42 anos, completos no fim de junho passado, não pode morrer. É com esta ideia que o grupo de teatro, liderado por Carlinhos Lira, volta à ativa em agosto, quando reestreia o espetáculo Cante Para eu Dormir, baseado no texto original de Álvaro Fernandes,
dirigido por Roberto Gill Camargo, premiado em diversos festivais do Brasil e algumas turnês pela Europa. As apresentações estão previstas para 16 a 19 de agosto, sempre às 21h, no Teatro Santos Dumont (Avenida Goiás, 1.111), em São Caetano. “O teatro é a terapia da alma e, por isso, não posso deixar a história morrer. Com o apoio de amigos e empresas da região vamos conseguir fazer esta celebração do grupo”, diz Lira. Foi ele, junto aos parceiros, que lutou duro durante as últimas quatro décadas para que o grupo, que nasceu após curso de teatro ministrado na cidade pelo dramaturgo Edvaldo Gonçalves nas dependências do Lar Menino Jesus, construísse essa trajetória. “Não tem muito o que comemorar. Está mais difícil fazer teatro no Brasil de uns anos para cá se for ver como os desmandos na esfera federal afetam a arte.

Não sei como conseguimos sobreviver até hoje”, analisa. O fato é que sobreviveram. O MCTA – que já teve sede própria, no Parque Bosque do Povo, na Vila São José
– realizou 54 peças teatrais, passou pela maioria dos festivais de teatro do Brasil, chegou a montar espetáculos com mais de 200 pessoas – Via Crucis no Chico Mendes, na década de 1990 –efoi selecionado em editais. Teve como integrante, no fim da década de 1980, Fernando Ramos da Silva (1967-1987), o Pixote, que se apresentou pela última
vez em Campina Grande, na Paraíba, para encenar a peça Ataliba, Meu Amor, em que interpretou um pistoleiro morto por policiais.

A VOLTA
A história que deverá ser contada na apresentação comemorativa, adianta Lira, trata de uma relação entre pai e filho, interpretados por ele e Marcos Custódio, que está no papel do rebento. “O pai é alcoólatra, cadeirante e não aceita o filho. E vice-versa. É um acerto de contas e coloca muita coisa em discussão, como o machismo, por exemplo, que impede um filho de dizer ‘eu te amo’ para o pai.” A apresentação, para ele, traz a essência do que sempre foi o ‘Norte’ para o MCTA: mexer com o público. “Assistir a essa peça
faz você sair do teatro refletindo se essa é sua verdadeira função. Fazer você mudar, pensar e se ajudar interiormente.” Além da peça, há previsão de exposição sobre a história do grupo teatral e homenagem a quem o ajudou a construir essa história.