São Bernardo e Santo André acumulam débitos comprometedores e enxergam futuro nebuloso

Despesas demais, receitas de menos. Há muito tempo as contas de Santo André e São Bernardo FC, dois dos principais clubes da região, não fecham. Endividados, os rivais enxergam futuro nebuloso. Sem patrocínios e sem receitas de bilheteria, a venda de jogadores formados nas categorias de base, talvez, seja a luz no fim do túnel, antes de passarem o chapéu, literalmente.

Rebaixado à Série A-2 do Paulista neste ano, o Santo André gastou mais do que devia na tentativa frustrada de se manter na elite. Precisamente R$ 500 mil de restos a pagar de salários de jogadores. “Situação não é nada fácil. Ainda vamos gastar mais R$ 500 mil para disputar a Copa Paulista, isso contando apenas com jogadores que possuem contrato com o clube e teto salarial de R$ 3.000”, enfatiza o presidente do Ramalhão, Sidney Riquetto.

Para ter noção do panorama caótico, até os jogadores que estão sendo oferecidos de graça estão tendo o custo de moradia bancados pela família ou pelos empresários. Neste cenário, está fora de cogitação investir em qualquer contratação para a Copa Paulista, que começa em agosto. “Na Série A-2 (2019) deveremos trazer quatro ou cinco reforços. Confiamos muito nesta geração das categorias de base”, avaliou Riquetto.

No São Bernardo FC, a situação ainda gera preocupação. Apesar de ter conseguido quitar os salários atrasados da Série A-2 do Campeonato Paulista, a diretoria ainda tem débitos com alguns jogadores referentes aos últimos meses. “Os funcionários não estão com salários atrasados, apenas uma ou outra pendência com relação à parcela de 13º. Em relação aos atletas, o principal atraso é relativo à imagem”, explica o diretor executivo Edgard Montemor Filho.

Duas negociações salvaram a Copa Paulista do São Bernardo. O clube já disputaria a competição de qualquer maneira, por ter elenco praticamente montado, mas as vendas do jovem meia Bruno Michel ao Al Wahda, da Arábia Saudita (do técnico Fábio Carille) e do atacante Walterson ao Familicão, de Portugal (do treinador Sérgio Vieira), vão dar o suporte necessário para que o Tigre consiga arcar com os gastos do torneio – os quais, segundo o dirigente, superam os R$ 500 mil do rival Santo André.

“Nosso time tem boa base da A-2. Felizmente deixa o time forte, infelizmente é mais caro. Estamos jogando com estes atletas porque têm contrato, não os contrataríamos sem dinheiro”, conta Montemor Filho. “Esses dois negócios (Bruno Michel e Walterson) vão ajudar. Provavelmente a gente faça a Copa Paulista sem maiores apuros, mas continuamos com dívidas. Do jeito que estão hoje não dá para disputar a Copa Paulista e quitar as dívidas”, emenda. “Vamos tentando fazer outros negócios, buscando patrocínios e apoio de pessoas que gostam do São Bernardo e que querem que o clube não feche. Vamos continuar correndo atrás”, conclui.

Outro clube da região que não parece bem financeiramente é o Água Santa. Prova disso é que o Netuno vai usar o time sub-20 – eliminado do Estadual da categoria – na Copa Paulista, mas os dirigentes não retornaram os contatos do Diário.

Com patrocinadores, o ponto fora da curva é o São Caetano, que já trouxe dez reforços para a Copa Paulista e tem investido forte nas últimas temporadas.