O tempo e a falta que faz!

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho mais passado do que futuro… Sintome como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas… As primeiras, ele chupou displicente… mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço… Já não tenho tempo para lidar com mediocridades… Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para conversas intermináveis… Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas… Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelos majestosos cargos de assessores e diretores. As pessoas não debatem conteúdos… apenas os rótulos… Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos… quero a essência… minha alma tem pressa… Sem muitas frutas na mesa, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços… não se encanta com triunfos… não se considera eleita antes da hora… não foge de sua mortalidade.. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade… O essencial faz a vida valer a pena… e para mim basta o essencial…Só que tem pessoas que ainda fazem falta em nossas vidas. Depois com o tempo e a experiência adquirida, os tropeços, os erros, os enganos, as mentiras, as traições, a ingratidão, descobri que envelhecer é a única maneira que se descobre para que possamos viver muito. A vida segue mesmo quando a doença lhe pega peças. Que poderiam apenas ser de teatro…

(Carlinhos Lira, nos arredores do bairro Nova Gerty)…