Estado e União divergem a respeito de ‘socorro’ à GM

Os governos de João Doria (PSDB) e do presidente Jair Bolsonaro (PSL) divergem sobre o enfrentamento da crise da montadora General Motors, que ameaça fechar as fábricas de São José dos Campos e São Caetano do Sul por baixa lucratividade.

A empresa tem um pacote de exigências para cortar custos e está negociando com sindicatos, governos, fornecedores e concessionárias.

Na fábrica de São José, a montadora quer reduzir o piso salarial, aumentar a jornada de trabalho e adotar a terceirização plena.

Quanto aos governos, a empresa faz um jogo duro e ameaça deixar o Brasil no intuito de obter vantagens, como redução de impostos e subsídios. A GM emprega cerca de 13 mil pessoas em São José e São Caetano.

O governo estadual já sinalizou positivamente e pode antecipar créditos do ICMS (Imposto sobre Circulação de Bens de Serviços) para socorrer a GM. A medida permitia o abatimento imediato de impostos devidos.

Já na esfera federal, a GM não encontrou a mesma receptividade. Em uma reunião com o alto escalão da montadora, Carlos da Costa, secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, causou mal-estar entre os executivos ao dizer: “Se precisas fechar [a fábrica], fecha”.

Costa reuniu-se com Marcos Munhoz, presidente de Relações Governamentais da GM do Brasil, que disse a ele que a chefia da montadora nos Estados Unidos considera as fábricas de São José e São Caetano praticamente inviáveis em razão dos altos custos.

Munhoz teria dito, por exemplo, que enquanto a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) é de R$ 7 mil por funcionário na fábrica de Gravataí (RS) chega a R$ 20 mil em São Paulo.

Doria avalia reduzir imposto da montadora com o ICMS

Henrique Meirelles, secretário de Estado da Fazenda e do Planejamento do governo João Doria (PSDB), se debruça sobre a crise da montadora General Motors para evitar uma “tragédia” para o estado: o fechamento das fábricas de São José dos Campos e São Caetano.

O governo avalia antecipar créditos do ICMS (Imposto sobre Circulação de Bens de Serviços) para socorrer a GM, o que permitiria à montadora abater impostos. A medida teria que ser estendida às outras 14 montadoras instaladas em São Paulo.

“É uma questão viável, em tese, do ponto de vista da manutenção do emprego, renda e arrecadação futura de imposto”, disse Meirelles, que fará uma reunião sobre o assunto no final do mês, podendo incluir a GM.

“Estamos apoiando nas negociações com fornecedores, revendedores, trabalhando para mostrar a todos que é vantagem manter a companhia operando no Estado. A participação nossa, e do governador, é fundamental para ajudar na preservação da atividade”, disse Meirelles.

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