Os que trabalham têm medo de perder o trabalho. Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho. Quem não tem medo da fome, tem medo de comida. Os motoristas têm medo de caminhar e os pedestres têm medo de serem atropelados. A democracia tem medo de lembrar e a linguagem tem medo de dizer. Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras. É o tempo do medo. Medo da mulher da violência do homem e medo do homem da mulher sem medo. Medo dos ladrões, medo da polícia. Medo da porta sem fechaduras, do tempo sem relógios, da criança sem televisão, medo da noite sem comprimidos para dormir e medo do dia sem comprimido para despertar. Medo da multidão, medo da solidão, medo do que foi e do que pode ser, medo de morrer, medo de viver – (Eduardo Galeano). E Mia Couto (2011) acrescenta: “há quem tenha medo que o medo acabe”. O medo vive presente na alma da gente. Mas encontramos pelo caminho as andanças da vida, gente do bem querer, como médicos dedicados, atendentes e recepcionistas humanas. Quis terminar o meu 2018, agradecendo a algumas pessoas numa lista que nem caberia no HD do meu velho PC calejado pelos dedos duros na escrita.