Ex-presidente da Aciscs (Associação Comercial e Industrial de São Caetano do Sul), o empresário, advogado, dono de jornal e atual presidente municipal do PRB Walter Estevam Junior está em maus lençóis. Tenta provar na Justiça que, apesar de provas contundentes, não desviou R$ 1 milhão dos cofres públicos na gestão Paulo Pinheiro. Agora surge mais uma bomba, que vai ser difícil de explicar: uma nomeação mais do que mal explicada na Prefeitura de Santo André. Afilhado de Walter e seu homem de confiança à frente da Aciscs, o atual presidente, o advogado Moacir Passador Junior, foi agraciado com um cargo de comissão na cidade
vizinha, Santo André. O Diário Oficial do Município, edição 2035, de 6 de julho de 2019, publicado na mesma data na página 6 de Atos Oficiais do Diário do Grande ABC, trouxe a seguinte informação: “Nomear cargo em comissão, Portaria número 976.07.2019 Moacir Passador Junior, Assistente de Departamento – SCAS” (ver a nomeação abaixo).
A pergunta que fica, mais do que óbvia: como Passador vai provar ser capaz de “estar em dois lugares ao mesmo tempo”, desafiando as leis da Física? Cumprir expediente na Prefeitura andreense e presidir a Aciscs, isso sem contar a incansável dedicação aos trabalhos advocatícios, facilmente comprovável no site do Tribunal de Justiça de São Paulo. Impossível não pensar na articulação de Wal
ter para conseguir a boquinha, já que é próximo do prefeito em exercício, Luiz Zacarias (sempre presente em reportagens elogiosas no jornal do empresário). Walter parece que gosta de arrumar sarna para se coçar, ou fazer pouco da lei. Provar que não desviou R$ 1 milhão dos cofres públicos não anda fácil. Inclusive já foi derrotado num pedido de liminar na Justiça. O caso Natal Iluminado é escabroso. O ano era 2016, quando Walter era presidente da Aciscs. Ele celebrou contrato com a Prefeitura de São Caetano, gestão de Paulo Pinheiro (à época no MDB), para a ação com distribuição de prêmios e decoração típica por ruas, avenidas e próprios municipais. A Associação, como contra partida entrou com aporte de R$ 200 mil. Tão logo reassumiu a Prefeitura, Auricchio, com o objetivo de colocar a casa em ordem, solicitou à sua equipe um pente-fino nos contratos firmados em busca de inconsistências, para poder recuperar aos cofres públicos verbas empenhadas de formas supostamente irregulares. Nestes levantamentos, as justificativas para a saída de R$ 1 milhão do Palácio da Cerâmica diretamente para os cofres da Aciscs não foram convincentes. Afinal, entre as notas fiscais apresentadas, uma chamou a aten
ção, pois discriminava “jantar com cerveja”. Como há outros pontos ainda obscuros, a Municipalidade solicitou, via judicial, a devolução do montante aos cofres da Prefeitura. Outro ponto que coloca em xeque a lisura do processo de convênio entre a Prefeitura e a Aciscs está em quem assinou o contrato. Alessandro Leone, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico no Governo Pinheiro, ocupava na Aciscs o cargo de diretor-adjunto. Leone se saiu com uma resposta risível: disse que estava sim na Associação como diretor, mas que não acompanhou a prestação de contas. A Câmara Municipal de São Caetano já trabalha com a possibilidade de realizar uma CPI para apurar o suposto desvio do dinheiro público. Inclusive, nos bastidores, comenta-se que restam poucas assinaturas para de fato dar início à Comissão Parlamentar de Inquérito. E tem mais. Mesmo não sendo mais presidente da ACISCS, a entidade utiliza-se de sua influência com a classe empresarial e comercial da cidade para fazer propaganda política e pessoal de Estevam. Site e redes sociais são, basicamente, abastecidos com notícias enaltecendo o ex-presidente. Sua nomeação como presidente do PRB foi destaque em todos os canais de comunicação da Associação, num claro desvio de função.