Nem dormi direito ontem, por conta das minhas amargas dores. São dores da alma, que poucas pessoas conseguem sentir. Ao andar pelas ruas da cidade percebo o cinzento das velhas casas antigas onde divaguei com a beleza na minha infância. Hoje, a maioria está em ruínas, abandonadas pelo descaso dos herdeiros. Muitas viraram edifícios suntuosos. Depois, penso na doenceira que assola a cidade em todos os sentidos, da depressão à doença da alma ao terrível Câncer. Claro que aqui em São Caetano encontramos uma assistência diferenciada das demais cidades desse
Brasil varonil que lota estádios de futebol faturando milhões, enquanto existe forme, fome nos cortiços de sanca. Ingratidão por conta de humanos que nem se parecem como os bichos. Aí, fico aqui pensando naquele menino
nordestino que morava no sítio e quando chegou na Capital, viu o mar e se viu encantado. vixe! Aqui é o Céu, quero ficar aqui. E não ficou, pois a excursão de ônibus chegava ao final e ele tinha que voltar ao sítio onde nasceu. Fica a pergunta: do jeito que andam as coisas, onde é o Céu, afinal? Talvez o menino tenha voltado ao lugar certo.
(Carlinhos lira, nos arredores do bairro Nova Gerty)