Questionada sobre o norte de sua gestão, Ana Paula Demambro é direta. “Reorganizar e inovar, estas são palavras de ordem no modelo de gestão implantado na Fundação das Artes de São Caetano do Sul. Sem perder referências do passado e com foco no futuro, a direção da Instituição projeta mais um campus para 2020, novos cursos e a reforma do Teatro Paulo Machado de Carvalho”, adiantou Ana Paula. Ela conta que hoje a Fundação tem 1.700 alunos e vem utilizando outras estruturas municipais para dar conta da demanda. No campus 2, calcula, outras 1.900 vagas serão ofertadas. A previsão de entrega é fevereiro do próximo ano. O local, ela prefere não adiantar. Quanto ao Paulo Machado, Ana Paula Demambro adianta que o teatro encerra provisoriamente suas atividades em dezembro próximo, para a reforma. “O projeto é grandioso, contempla um novo estilo arquitetônico e contemporâneo. O Paulo Machado estará à altura das melhores casas de espetáculos de São Paulo”, garantiu Ana Paula Demambro, ao comentar o plano de reforma do principal teatro público da cidade – todos os teatros municipais da cidade são gerenciados pela Fundação das Artes. Jornalista e atriz, Ana Paula Demambro teve de deixar os palcos em 2017, quando foi convidada pelo prefeito José Auricchio Júnior para assumir a direção da Fundação das Artes. “Foi uma honra receber o convite. Sou grata pela oportunidade e pela confiança em mim depositada”, afirmou Ana. Ana Paula Demambro tem um vasto currículo. Ainda com 13 anos, entrou para a Casa do Teatro de Lígia Cortez e depois estudou, para garantir sua formação técnica, no Centro de Artes e Educação Célia Helena. Fez ainda Comunicação e Artes do Corpo na PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). No Centro de Pesquisa Teatral Antunes Filho, um dos mais concorridos do País, passou no processo seletivo junto a apenas outros 19 atores. Atuou por lá durante dois anos. “Foi minha escola artística e de formação para a vida. Me deu novos olhares, novos caminhos e fundamentos para o dia a dia”, revela Ana Paula. Em 2002, ela se transformou na Tina, a cabeleireira da Turma do Gueto, seriado produzido pela Casablanca e exibido pela TV Record. Indagada sobre se aquele foi o auge de sua carreira artística, Ana afirmou: “foi importante, um momento para quebrar paradigmas”, referindo-se que é possível sim entrar para o mundo televisivo por méritos próprios. “Experimentei uma nova linguagem e pude, diante das imagens, reconhecer minhas falhas para buscar os acertos. A televisão te possibilita isso”, ensina. Ainda como atriz, participou de diversos trabalhos publicitários, atuou em um filme e também numa série para uma emissora de televisão japonesa, que reconstituía os atentados terroristas de 11 de setembro. No cinema, interpretou uma prostituta em meio ao cenário degradante da Cracolândia. Ela define assim a vivência com viciados em droga: “a minha formação artística me permite experimentar essas situações sem qualquer julgamento”. Em meio ao turbilhão de trabalhos nos palcos ou nas telas, em 2002, por meio de concurso público, entrou para a Fundação das Artes para ser professora de Teatro e ingressou no antigo IMES, hoje USCS, para cursar e se formar em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Formou se também em Artes Cênicas pela Faculdade Paulista de Artes (FPA) e se pós-graduou em Direção Teatral na Escola Superior de Artes Célia Helena. Indagada sobre o impacto na mudança da carreira, na qual precisou ir para os bastidores e, literalmente, dirigir toda uma equipe, Ana Paula destacou sua determinação em buscar ferramentas para sanar questões administrativas e providenciar “impacto de gestão” na Fundação das Artes. “A reorganização administrativa, em um primeiro momento, pode incomodar algumas pessoas, mas os resultados aparecem”, analisa. A reorganização e eficiente gestão administrativa já começaram a mostrar resultados. Escola de referência no mundo das artes, Ana Paula garante que os investimentos, choque de gestão e a qualificação do corpo técnico “ajudam a evoluir os trabalhos realizados na Fundação das Artes, sem deixar de lado o brilhante passado da Instituição”. Cássia Kiss, Fábio Assunção e Giovanna Grigio estão registrados nos arquivos da instituição como atores que por lá fizeram sua formação artística; na música, há o pianista Amilson Godoy e o produtor musical Nelson Ayres. No biênio 2017/2018, mesmo diante de um cenário econômico de crise em todo o Brasil, Ana Paula Demambro conseguiu derrubar em 25% o valor das mensalidades, sem prejudicar o funcionamento da instituição, que inclusive prepara novos investimentos. Na atual gestão o curso de Dança foi criado e uniu-se aos já oferecidos, como o de Teatro e o de Música. Nas instalações da Rua Visconde de Inhaúma, houve a troca de revestimento, a impermeabilização da laje do prédio, instalação de calha no Ateliê de Artes Visuais, pintura de paredes, manutenção e reforma Ana Paula Demambro anuncia mais um campus para a Fundação das Artes Atriz, jornalista e diretora da FASCS anunciou com exclusividade também a esta FOLHA a reforma do Teatro Paulo Machado de Carvalho. Na entrevista, aborda ainda a evolução da instituição municipal, assim como a abertura de novos cursos, novas vagas e a importância do choque de gestão na administração da mais tradicional e conceituada escola de formação de atores e músicos do País. Ana Paula Demambro também conta sua trajetória artística e qual legado pretende deixar na Fundação das Artes de São Caetano do Sul. de bancos e cadeiras, troca de espelhos nos banheiros, compra de novos computadores, reparação de fiação elétrica de telefonia, instalação de lâmpadas de LED e manutenção da fachada. Em breve, estarão em funcionamento uma sala de professores, novos equipamentos de audiovisual, isolamento acústico das salas de aulas e sistema de câmeras. Para 2020, Ana Paula Demambro garantiu a criação de “cursos livres de Teatro, Dança, Música e Artes Visuais com 200 horas cada e completa formação em Artes Visuais”. Segundo ela, a Fundação das Artes, em breve, poderá ter cursos de Cinema e Fotografia. Outra meta a ser alcançada é elevar a FASCS à instituição de Graduação reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Para isso, os trabalhos de certificação e formatação de grade de estudos estão em andamento. “Enquanto gestora, preciso aproximar a Fundação das Artes da comunidade. A instituição tem tradição, tem nome, não precisa ser uma ilha”, esclareceu Ana, para completar: “por ano, mais de 400 atividades culturais de alto nível, seja no Teatro, ou na Música, são realizadas na Fundação de forma gratuita e aberta ao público. É preciso compartilhar com a comunidade local”. Filha de tradicional família de São Caetano do Sul, Ana trilhou caminho diferente de seu pai, Cláudio Demambro, ex-vereador e ex-vice-prefeito da cidade. Também preferiu não entrar de ‘cabeça’ no setor de imóveis, atividade principal de seus familiares. Tudo para construir uma carreira sólida no mundo artístico.
