Pio Mielo: tucano até a página 2

Tradicionalmente, a enquete dos Melhores e Piores Vereadores da Folha não avalia o presidente da Câmara. Nesse semestre, no entanto, foram vários os comentários colhidos a respeito de Eclerson Mielo, o Pio. No geral, a população não compra as idas e vindas partidárias do chefe do Poder Legislativo. Agora no PSDB, o povo ainda o vê como petista, partido no qual surgiu para a política. Os munícipes que citaram Pio, na maioria os formadores de opinião, não conseguem enxergar sua atuação parlamentar, e sim as movimentações de bastidores visan
do o objetivo que o próprio parlamentar não esconde: no mínimo disputar as eleições para prefeito em 2024. O histórico ideológico pesa muito. Pio iniciou sua militância política em 1995, no Sindicato dos Bancários de São Paulo, ligado ao Partido dos Trabalhadores. Trabalhou nos gabinetes dos vereadores petistas Joaquim de Moraes, Hamilton Lacerda e Edgar Nóbrega, sucessivamente. Em 2012, elegeu-se pela primeira vez vereador, pelo PT. Chegou a coordenar em São Caetano as campanhas dos irmãos petistas Luiz Fernando e Paulo Teixeira, respectivamente à Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. Quando Dilma Rousseff foi lançada candidata à Presidência, organizou diversos movimentos na cidade, e brincava que só cumprimentava as pessoas com um “bom Dilma”. Os sucessivos escândalos protagonizados pelo PT, que geraram uma grande rejeição à legenda, afastaram Pio do partido. No entanto, diferentemente de outros correligionários, que saíram do partido mas se mantiveram no espectro da esquerda (como o PSOL), em 2016 o vereador pulou para o barco em que teoricamente teria mais
chances de se eleger: o PMDB de Paulo Pinheiro – de fato, o PT não conseguiu nenhum assento na Câmara. Nos 4 anos de mandato, apoiou efusivamente Pinheiro. Mas José Auricchio Júnior venceu o pleito municipal de 2016. E lá estava Pio candidato a presidente da Câmara com o apoio de toda a oposição ao prefeito. Vencedor, não pensou duas vezes: levou o PMDB para a base de sustentação do prefeito. Às vésperas das eleições deste ano, novamente mudou de partido, notadamente em busca de segurança: foi para o PSDB de Auricchio. Muito se comenta na cidade que Pio é um tucano até a página 2, pois seu verdadeiro DNA é petista. “Apesar de alguns filiados do PT estarem vinculados ao mandato do Pio, o partido não tem nenhuma relação orgânica com ele”, diz João de Moraes, que foi vereador na mesma época do seu irmão Joaquim e hoje é candidato petista a prefeito nas próximas eleições. “Eu não converso com o Pio há vários anos. Apesar da ligação de alguns filiados com ele, não existe nenhum domínio do Pio sobre o PT de São Caetano do Sul, que renovou seu Diretório Municipal, Executiva e Comissões”, completa Moraes.