Aos 44 anos, prepara seu retorno

O grupo de teatro mais premiado do Brasil em festivais e um dos mais atuantes nos palcos do Grande ABC e São Paulo prepara novidades

Criado em 1976 pelo jornalista, dramaturgo, diretor, produtor e ator Carlinhos Lira, o MCTA (Movimento Cultural Teatral e de Artes) está no momento sem atividades no palco, devido à pandemia. Mas nos bastidores coloca seus 46 anos de experiência na adaptação do texto de um espetáculo do qual conseguiu os direitos exclusivos em Portugal, que versa dobre o Alzheimer. Uma das últimas encenações do MCTA foi a Via Crucis – A Paixão do Povo, na Praça da Riqueza, Bairro Prosperidade. Mas por conta de uma história até hoje muito mal contada, o grupo teve sua subvenção cortada na gestão de Paulo Pinheiro, o que afetou duramente seu trabalho. Mas uma história de 44 anos não pode morrer. E foi com esta ideia que Carlinhos Lira foi buscar a exclusividade do texto sobre Alzheimer em Portugal, depois de ter lido o livro que deu origem à peça. “É um texto belíssimo, profundo, complexo. E nunca ninguém montou algo deste gênero no Brasil”, garante o dramaturgo, que está adaptando o texto. Mais planos estão na cabeça do sempre inquieto e criativo Carlinhos Lira. Depois da peça sobre Alzheimer, ele quer remontar um de seus maiores sucessos: Cante Para eu Dormir, baseado no texto original de Álvaro Fernandes, dirigido por Roberto Gill Camargo, premiado em diversos festivais do Brasil e algumas turnês pela Europa. LUTA – “O teatro é a terapia da alma e, por isso, não posso deixar a história morrer. Com o apoio de amigos e empresas da região vamos conseguir fazer esta celebração do grupo”, diz Lira. Foi ele, junto aos parceiros, que lutou duro durante as  últimas 4 décadas para que o grupo, que nasceu após curso de teatro ministrado na cidade pelo dramaturgo Edvaldo Gonçalves, nas dependências do Lar Menino Jesus, construísse essa trajetória. “Não tem muito o que comemorar. Está mais difícil fazer teatro no Brasil de uns anos para cá se for ver, como os desmandos na esfera federal afetam a arte. Não sei como conseguimos sobreviver até hoje”, analisa. O fato é que sobreviveram. O MCTA – que já teve sede própria, no Parque Bosque do Povo, na Vila São José – realizou 54 peças teatrais, passou pela maioria dos festivais de teatro do Brasil, chegou a montar espetáculos com mais de 200 pessoas – Via Crucis no Chico Mendes, na década de 1990 – e foi selecionado em editais. Teve como integrante, no fim da década de 1980, Fernando Ramos da Silva (1967-1987), o Pixote, que se apresentou pela última vez em Campina Grande, na Paraíba, para encenar a peça Ataliba, Meu Amor, em que interpretou um pistoleiro morto por policiais.

‘Fazer teatro no Brasil é quase impossível, uma luta inglória’