O brasileiro vive em constante ameaça. Seja em casa ou na rua, teme ser vítima de criminosos, teme em perder bens de valor ou até mesmo a vida. E diante de uma sociedade amedrontada e de leis fracas, malfeitores evoluem seus métodos de atuação e, de uma cela em algum presídio do País, ou da própria sala de casa, conseguem informações preciosas de suas vítimas ou até mesmo vultuosas quantias em dinheiro. No entanto, desta vez, o tiro saiu pela culatra e a vítima, o jornalista Wilson Guardia, conseguiu identificar o golpe e por meio desta FOLHA alertar os cidadãos de bem. Tudo começou na tarde do dia 3 de setembro, quando uma mensagem chegou ao WhatsApp do jornalista. Um número com código de área 62, ou seja, do estado de Goiás, em com apenas oito dígitos. Vale destacar que o nono dígito, nas linhas móveis, começam sempre com 9, tal sequência funciona em todo o País desde o ano de 2016. Na mensagem, uma saudação, “Oi, tudo bem? Sou atendente da NET CLARO. Estou aqui para dar continuidade na sua solicitação e te prestar o melhor atendimento”. A mensagem segue com opções numéricas para atendimento. Além do número não ser de um canal oficial da operadora, Wilson Guardia conta à FOLHA que não solicitou qualquer serviço. “Como não contatei a empresa e o número era um tanto quanto estranho, logo percebi que poderia ser um golpe, então resolvi dar trela para saber até onde a conversa seguiria. Meu objetivo, reunir o maior número de informações para acionar a polícia e, por meio da imprensa, alertar outras pessoas sobre os riscos”.
O jornalista seguiu com a conversa e dentre as opções escolheu a seguinte: “Se você já solicitou os serviços e quer verificar o andamento da solicitação digite 2”. Rapidamente, Marcos, o “atendente”, respondeu e perguntou: “Quer que eu verifique o andamento do seu pedido?”. Wilson Guardia disse que sim, o “operador” solicitou o endereço para a instalação. O jornalista, ao perceber que seria um golpe passou a localização exata do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André, o suposto funcionário da operadora seguiu com o atendimento e foi interpelado por Guardia, sobre quando os “serviços solicitados “há 10 dias” seriam instalados”, eis que áudios explicando os procedimentos foram enviados, em um deles, que um técnico da empresa “ligaria para o cliente”, quando chegasse ao endereço. O jornalista então perguntou sobre taxa de instalação, quando Marcos, respondeu por texto exatamente como segue, com erros de grafia: “o mês virou e vieo varias promoções novas. As vezes consigo te isentar”. A conversa segue e Guardia alimenta o “operador” com valores e tipo de plano solicitado, tudo inventado. Marcos ainda confirma os valores e oferece desconto. O golpe, neste caso, segundo Wilson Guardia, aparece exatamente neste ponto da conversa: “O que mais preciso para fazer a instalação”. A resposta reproduzida em sua integra sem edição: “Foto do documento do assinante pode ser RG ou CNH. Foto dele aberto. Foto do comprovante de endereço”.
Após a solicitação, Wilson Guardia disse que não enviaria a fotografia dos documentos por “não reconhecer o número” como canal oficial da empresa e disse ao “operador”, que o endereço era do CDP. O “Operador mostrou desconforto e disse que estava “trabalhando” e que sabe “muito bem o que está fazendo”. O suposto representante da empresa afirmou: que apresentaria “agentes autorizados” que vendem pelo “WhatsApp e Facebook”, mas ao ser confrontado pelo jornalista que afirmou: “a empresa não solicita cópia de documentos”, Marcos, como se apresentou no início da conversa, simplesmente bloqueou o “cliente”. Especialistas ouvidos por esta FOLHA esclarecerem que com a cópia dos documentos e comprovante de residência, os estelionatários podem tomar empréstimos, realizar financiamentos e solicitar cartões de crédito em nome das vítimas. A Claro foi procurada, por meio de sua assessoria de imprensa, no dia 3 de setembro, às 16h33. O objetivo era de que a empresa pudesse esclarecer quais são os procedimentos adotados pelas equipes de vendas e quais os canais oficias, para desta forma mitigar possíveis golpes praticados por criminosos. Mas até o fechamento desta edição, a empresa não se manifestou.
Especialistas ainda alertam sobre a necessidade de nunca fornecer dados pessoais em ligações telefônicas, mensagens ou para pessoas desconhecidas. Outros golpes por mensageiros instantâneos e por telefone têm crescido assustadoramente, como o falso sequestro, o pedido de depósitos em dinheiro via PIX ou mesmo a retirada de cartões bancários na casa dos clientes. Em caso de dúvidas, basta entrar em contado com as operadoras, financeiras ou bancos por meio dos canais oficias.
