Auricchio vence na Justiça e volta à Prefeitura

Nas eleições de 2020, 42.842 pessoas (45,28% dos votos válidos) escolheram José Auricchio Júnior prefeito de São Caetano. Alegando irregularidades, a Justiça Eleitoral não reconheceu a vitória e o caso ficou sub judice. Na quinta (16), 396 dias depois, a vontade do povo prevaleceu e o mandato de Auricchio foi reconhecido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O prefeito foi diplomado na segunda (20) – a Auricchio vence na Justiça e volta à Prefeitura posse, em sessão solene na Câmara vai acontecer na quinta (23) as 19h. O diploma foi retirado no Cartório Eleitoral pelo deputado Thiago Auricchio, filho do prefeito, e pela advogada Fabiane Vigílio. É a primeira vez na história de São Caetano que um prefeito alcança um quarto mandato. Os ministros da Corte decidiram, por unanimidade, pela validação da candidatura de Auricchio. Foram 7 votos a 0. Auricchio já havia recebido dois votos favoráveis dos ministros Luis Felipe Salomão e Edson Fachin. Luís Roberto Barroso havia pedido vistas do processo em outubro, para avaliar melhor o seu conteúdo, e agora votou pela aceitação do recurso de Auricchio na Corte. Ele entendeu que o processo na Justiça Eleitoral não comprovou que o tucano não foi apenas um “mero beneficiário” da captação ilegal de recursos de eleitora, que não conseguiu comprovar a capacidade de realizar doações à campanha do tucano.
“O direitos políticos são direitos fundamentais e disso decorre que o intérprete deverá, sempre que ser juridicamente possível, privilegiar a linha interpretativa que amplie o gozo de tais direitos”, justificou. Mauro Campbell, Sérgio Banhos, Carlos Horbach e Nunes Marques seguiram os votos dos colegas. Ainda estiveram presentes na sessão o ministro Alexandre de Moraes, que se declarou impedido de votar e o ministro Benedito Gonçalves, substituto de Luis Felipe Salomão. Moraes declarou o impedimento devido à sua esposa, Viviane Barci de Moraes, ter atuado na defesa de Auricchio. Já Gonçalves não julgou o processo por conta de Salomão já ter dado o seu voto antes de se aposentar, em outubro. A corte também negou recurso de Fabio Palacio (PSD), que ficou em segundo lugar nas eleições de 2020. O adversário de Auricchio alegou possuir documentos que comprovam novos crimes relacionados ao processo. Foi pedido que o julgamento fosse convertido na apuração das provas. Barroso, entretanto, entendeu que decisões da Corte em casos similares apontam no sentido de que o acréscimo de documentos no processo tem como limite o prazo da diplomação dos candidatos eleitos, vencido em 18 de dezembro do ano passado. Também decidiu que o limite é necessário para evitar o prolongamento da análise do caso. O prefeito interino Tite Campanella (Cidadania) retorna ao posto de presidente da Câmara Municipal. Ele havia assumido o cargo de prefeito por conta do impasse entre o direito à posse do tucano ou a convocação de novas eleições, caso a validade da candidatura de Auricchio tivesse sido negada.

‘Vou cumprir o plano de governo em 3 anos’

José Auricchio Júnior (PSDB), que teve o início do seu quarto mandato garantido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no dia 16, concedeu entrevista. “Foi um ano muito turbulento. Na dificuldade, a gente cresce. Quero deixar o meu carinho à população de São Caetano. Vou cumprir o plano de governo em três anos”, declarou. Auricchio afirmou que agradece a Deus pelo resultado e também agradeceu o apoio da família e de amigos no período em que aguardou pelo fim do julgamento desde a sua eleição. Relatou agora que pretende montar uma nova equipe de governo após assumir. “O prefeito Tite tomou uma série de decisões acertadas que iremos incrementar. A saúde ainda é o calcanhar da sociedade que sofreu muito na pandemia”, avaliou. Adiantou que deve manter a decisão de não realizar as festas de fim de ano na cidade. “Os números mostram por si. Não estamos naquela fase crítica, mas estamos em uma fase de rescaldo. Temos que manter as medidas e evitar as aglomerações. Quero aproveitar a audiência para externar a minha condolência aos mais de 600 mil mortos na pandemia”, disse. Auricchio disse que irá trabalhar para que a política na cidade seja agora pacificada após a sua diplomação. “Quem me conhece, sabe. Sempre soube reconhecer adversários. Temos que olhar agora para o futuro da cidade, o pragmatismo de servir, para isso fomos eleitos pela quarta vez”, defendeu – é a primeira vez na história da cidade que isso acontece. Auricchio ainda comentou o anúncio do pedido de desfiliação do ex-governador Geraldo Alckmin do PSDB. “A história do PSDB se confunde com a história do governador Geraldo Alckmin. Como filiado, vejo com tristeza, acho que é uma perda bilateral para o partido e para ele”, opinou.