São Caetano, a história que poucos conhecem

Por Adauto Reggiani

A história de São Caetano do Sul está intimamente ligada ao movimento denominado “bandeiras”, que eram expedições organizadas e financiadas por particulares, que partiam de São Paulo e São Vicente principalmente, ​rumo ao centro-oeste e Minas Gerais em busca de ouro e pedras preciosas. A uma dessas expedições, em 1671, juntou-se um bandeirante chamado Fernão Dias Paes Leme que possuía um sitio nas terras do Tijucussu e, como não pretendia voltar à região, doou-o ao Mosteiro de São Bento, que possuía um sitio vizinho, que também recebera em doação do capitão Duarte Machado, 40 anos antes, sob a condição de ele e a mulher serem sepultados no Mosteiro.

A união dos sítios deu origem então à Fazenda São Caetano, usada inicialmente pelos monges beneditinos para cultivo de feijão, arroz e mandioca e depois para a fabricação de tijolos e telhas. Os monges ocuparam a Fazenda por cerca de 200 anos e a abandonaram por falta de mão de obra, após a libertação de todos os escravos pertencentes ao Mosteiro, em 1871, acompanhando o que fizera a família imperial.

A compra da Fazenda São Caetano pelo Império Brasileiro aconteceu junto com a compra das fazendas São Bernardo e Jurubatuba, todas pertencentes ao Mosteiro de São Bento, para a criação dos Núcleos Coloniais, e ocorreu no dia 5 de julho de 1877, ou seja, quando as famílias que ocupariam o lugar já estavam no meio da viagem a caminho do Brasil. As três fazendas custaram ao Império 16 contos de réis, aproximadamente R$ 240 mil nos dias de hoje.

Curiosidades

  • A fazenda São Caetano era habitada pelos monges beneditinos e cerca de 50 escravos, entre negros escravizados trazidos pelos próprios monges e índios que eram doados aos padres em troca de celebração de missas.
  • A primeira notícia que se tem de habitantes na região data de 1595, quando chega o espanhol Diogo Sanches acompanhado de sua família.
  • Ao contrário do que sempre se propagou, os lotes não foram doados, mas sim, vendidos aos imigrantes ao preço de 2 a 8 réis cada “braça” quadrada. Considerando que o menor lote media 31.250 braças, o lote mais barato custava aproximadamente R$ 31.250,00 ao preço de hoje.
  • Em 4 de agosto de 1877, 7 dias depois da chegada, ocorreu a primeira morte, a de uma menina, filha de um dos imigrantes; nas primeiras semanas morria uma pessoa a cada 3 dias;
  • 9 meses depois da chegada dos 251 imigrantes, 79 já haviam abandonado o Núcleo Colonial indo para o Sul, pois o solo argiloso não era o ideal para algumas culturas;
  • O transporte coletivo motorizado apareceu em 1925 (bonde), substituído pelas “jardineiras” a partir de 1930. Os primeiros automóveis a circularem aqui pertenciam a Gino Foratini e Francisco Massei, em 1920.