“É mais fácil construir crianças fortes do que consertar homens quebrados”

Violência não é fenômeno isolado

“A violência nas escolas reproduz a violência na sociedade; não é um fenômeno intramuros isolado”, afirma a coordenadora de Ciências Humanas e Sociais da Unesco no Brasil, Marlova Noleto. Segundo a educadora, os ambientes escolares deixaram de ser lugares protegidos e muitos pais perderam a tranquilidade ao levar os filhos à escola. Ela destaca que a ausência de regras claras de convivência entre alunos e professores contribui para o aumento da violência.

Para o professor da faculdade de Educação da Universidade de Brasília e da Universidade Católica Célio da Cunha, há uma profunda crise de valores humanos. “A violência na escola vem da Idade Média, é uma prática inconcebível no século 21. A escola tem que refletir uma cultura de respeito, da merendeira ao diretor”, diz. Cunha defende que é preciso recuperar a dimensão humana da educação, que foi transformada em um negócio.

A educadora Marlova Noleto aponta para a importância de um bom clima na escola. “Na escola, aprendemos não só a ser, mas a fazer, a viver juntos e a conhecer. Um conjunto de regras e valores educa para a vida, não educa apenas no ambiente escolar”, acredita. A especialista reconhece que, em primeiro lugar, é preciso que o professor goste do que faz. “Ensinar é um ato de amor e é sempre uma via de mão dupla. É preciso estar aberto para ensinar e aprender”, aponta.

“Na maioria dos casos, o aluno reproduz na sala de aula aquilo que vive em sua própria casa, no convívio com a família, e nas ruas. Há, de modo geral, uma crescente banalização da má educação, uma ausência de consciência de limites, uma violência instalada nos lares. Reflexo de um fenômeno que se alastra por toda a sociedade”, opina a matemática Nelma Pellegrini Franco, que amargou 30 anos de magistério em escolas públicas de São Paulo. 

Graças a Deus que em nossa cidade a Educação além de ser levada a sério tem apenas casos isolados de pequenos atritos entre alunos. Uma raridade no País onde a violência vem sendo cotidiana, com casos de mortes e agressões aos mestres e alunos. (Carlinhos Lira, nos arredores do Bairro Nova Gerty).