Por Marcela Bueno Silva
Pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais (UFMG) e publicada no American Journal of Health Promotion, mostrou que o tempo gasto em aparelhos eletrônicos como celular, tablet ou computador, passou de 1,7 para 2,2 horas por dia. O mesmo levantamento concluiu que adultos permanecem, no mínimo, 3 horas diárias no celular. Entretanto, o uso excessivo de telas pode desencadear problemas de saúde física e até mesmo, mental.
A psicóloga do Hospital Universitário Cajuru, Aline Oliveira, destaca que a facilidade de ter ”tudo na mão” pode ser maléfica, principalmente para o público mais jovem, que obtém respostas rápidas uma espécie de gatilho.
E afirma que existe uma tendência em desejar a mesma rapidez dessas respostas no mundo real. “Temos que ter em mente que não é assim que o mundo real funciona, nem sempre as respostas são imediatas e muito menos elas vem da maneira como vislumbramos. Por isso as interações sociais, convívio, são fundamentais”, diz Oliveira.
Já a neurologista do Hospital Marcelino Champagnat Patrícia Coral aponta que esse contato prolongado com os eletrônicos e essa expectativa citada por Aline podem gerar transtornos de ansiedade, depressão, dificuldade de concentração e insônia. “Além de problemas relacionados ao sono, pelo atraso na produção da melatonina causada pela luminosidade do aparelho, o que nos preocupa são as redes sociais que podem trazer problemas maiores, já que a impressão que temos é que a vida dos outros é sempre melhor que a nossa, porque as pessoas só postam o que é bom, são festas, prêmios”, explica.
As horas gastas nesses entretenimentos também podem gerar, em um futuro próximo, problemas de postura. O ortopedista especialista em coluna do Hospital Marcelino Champagnat Antônio Krieger afirma que a posição do pescoço no instante em que ficamos com o smartphone em mãos ou até mesmo no notebook, pode causar dores de nível crônico. “Uma cabeça média pesa 6 kg quando na posição normal e alinhada à coluna. Mas, ao incliná-la em 15 graus, esse peso dobra e, dependendo da postura da pessoa, ela pode fazer uma sobrecarga de 30 kg. Quem não faz nenhum trabalho para fortalecer essa musculatura, a médio e longo prazo, vai desenvolver artrose de coluna ou calcificação”, afirma.
A chamada Síndrome do Pescoço de Texto, descrita anteriormente pelo ortopedista, se dá pelo uso excessivo do celular. Por ficarmos com a cabeça inclinada para baixo, o peso se concentra totalmente na coluna, e gera consequências graves para o corpo, como a hérnia de disco.
Para o ortopedista e cirurgião de coluna do Hospital Albert Einstein Luciano Miller, as dores podem migrar para a região cervical e os ombros, o que gera, consequentemente, fortes dores. Além disso, pode provocar dores de cabeça, devido ao acúmulo de tensão muscular. “Viver digitando também aumenta o risco de sofrer acidentes, de carro ou mesmo caminhando”, acrescenta.
Para solucionar ou evitar esses problemas, os especialistas recomendam sessões de pelo menos, 30 minutos de alongamento no pescoço, ombros, costas e membros superiores. E na hora de usar os aparelhos, mantê-los na altura dos olhos, para não forçar inclinação da cabeça.