Fala, Tite! A Primeira Entrevista Exclusiva com o Prefeito Eleito

“Tenho ótimo relacionamento com todos que venceram o pleito e isso não será problema, inclusive os vereadores que não estiveram no nosso time”

Do alto de seus 60.858 votos, Tite Campanella vive os momentos de ansiedade e planejamento para assumir a cadeira de prefeito de São Caetano do Sul pela segunda vez – em 2021, como presidente da Câmara, assumiu por um ano o cargo enquanto o prefeito eleito Auricchio resolvia questões com a Justiça Eleitoral. 

Agora, Tite concede entrevista exclusiva à Folha, a primeira após sua larga vitória na disputa pela Prefeitura de São Caetano. O prefeito eleito projeta ações de governo, faz panorama da futura gestão, fala sobre a nova geopolítica de São Caetano e sua relação com a população que o fez chegar à cadeira de prefeito que já foi ocupada por seu pai Anacleto por duas vezes. Ele elege a Educação como prioridade e diz que estará nas ruas conversando, olho no olho, com o povo. Confira os principais trechos:

Folha de São Caetano – Mais de 60 mil votos, diferença enorme para o segundo colocado. Num primeiro olhar, parece que sua caminhada até a eleição foi um passeio. Mas sabe-se que toda campanha tem desafios. Quais o senhor enfrentou?

Tite Campanella – Na verdade, iniciamos o diálogo com os segmentos da comunidade de São Caetano do Sul já há algum tempo. Para a construção de uma candidatura a prefeito é fundamental conversar com a cidade de forma integral pra gente entender quais são os anseios da população em todos os setores. O nosso desafio foi manter intenso contato com os cidadãos, com as lideranças sociais, com as entidades, empresariado, comerciantes, enfim, todos aqueles que contribuem para o desenvolvimento do município. Mas iniciamos isso muito cedo para que pudéssemos conversar e convergir no sentido que a cidade queria.

Folha – Ter apostado muito no contato direto com o povo, no olho no olho, foi seu grande diferencial?

Tite – Fiz isso em toda minha vida pública e intensificamos no período de campanha eleitoral. Gosto de estar nas padarias, nos comércios em geral, pautei minha carreira dessa forma e seguiremos no caminho de estar nas ruas e manter contato permanente com os moradores. Acredito muito que estar nas ruas é tão fundamental quanto a gente ter uma gestão competente. E, certamente, farei isso de forma frequente em meu mandato. 

Folha – Alguma coisa que aprendeu de política com seu saudoso pai (Anacleto Campanella, prefeito de São Caetano por duas vezes) serviu de lição?

Tite – Convivi pouco com meu pai, ele morreu quando eu tinha 11 anos. Mas sempre o vi como um homem que, acima de tudo, amava São Caetano. Sempre muito combativo e trabalhando para o desenvolvimento da cidade. Essas suas características me marcaram muito, é legado que carrego na minha atuação política: servir sempre.  

Folha – Já está conversando com a Câmara sobre Presidência e liderança de governo?

Tite – Ainda não. As eleições terminaram há menos de 15 dias, o Legislativo ainda tem pautas importantes a serem discutidas, tanto de autoria dos vereadores quanto os projetos do Executivo. Nosso time fez 18 cadeiras na Casa, um número expressivo e, obviamente, existe a independência no relacionamento com a Câmara que devemos respeitar e exercitar. No momento certo faremos esse diálogo com os vereadores. 

Folha – Prevê um relacionamento harmonioso com a Casa? Há uma oposição, em minoria, mas ruidosa…

Tite: Também sou vereador e os embates e divergências ficam no plenário. Tenho ótimo relacionamento com todos que venceram o pleito e isso não será problema, inclusive os vereadores que não estiveram no nosso time. O parlamento é justamente o ambiente propício para o debate de ideias, é a chama que o Legislativo precisa manter acesa. Estarei com meu gabinete aberto para conversar com todos.

Folha – E secretariado? Já está pensando em nomes? Haverá mudança na organização das pastas?

Tite – Estamos estudando esse formato com nossa equipe técnica que já trabalha para a execução do Plano de Governo apresentado à cidade e aprovado pela população. Penso que a máquina pública deve andar mais enxuta e perseguiremos esse caminho nos quatros anos de governo.

Folha – O que pretende que seja sua grande bandeira de governo? Ao final do mandato, a população terá tido um prefeito com que características? 

Tite – Primeiro sempre estar presente, viver a cidade, conversar com a população. Mas, certamente, quero deixar meu legado na Educação, que já é boa, referência no Brasil, tornar-se de excelência. Vou me debruçar sobre este tema com a equipe de gestores da área para garantir ainda mais qualidade ao ensino de São Caetano: na valorização dos recursos humanos, em infraestrutura e na tecnologia. 

Folha – A vice Regina Maura deve ter um papel ativo no governo? Já tem um lugar para alocá-la?

Tite – A Regina é uma técnica de governo que revolucionou a Saúde Pública de São Caetano nas últimas décadas. Ela emprestará, agora, toda sua capacidade e competência para nos ajudar em outras áreas.

Folha – Das propostas de seu Plano de Governo, quais são as cinco mais importantes e prioritárias? Por quê?

Tite – Precisamos avançar na pauta da mobilidade, ampliando os acessos a rodovias e às artérias metropolitanas. Por isso, planejaremos criar novo viaduto que ligará a Kennedy à Avenida dos Estados, o viaduto Luiz Tortorello também à Avenida dos Estados e a ligação da Avenida Guido Aliberti à Anchieta. No nosso Plano de Governo também constam um novíssimo Hospital de Olhos e um novo Centro de Saúde e Educação da Terceira Idade. Também daremos continuidade às obras do Refundação, estruturantes e de combate às enchentes.

Folha – Como será sua relação com o Auricchio? Recentemente, vocês divergiram no apoio aos candidatos no segundo turno em São Bernardo. Foi uma divergência mesmo ou parte do processo democrático?

Tite – A minha relação com o Auricchio é cinquentenária. É um amigo, será meu conselheiro nas horas difíceis, que todo governo precisa enfrentar, mas temos opiniões que divergem em alguns momentos, faz parte do processo democrático. Foi honroso ser seu candidato, e em um projeto de continuidade da gestão representar este grupo e trabalhar para fazer São Caetano daqui para melhor.

Folha – O que São Caetano pode esperar do senhor? Tite Campanella será o prefeito que transformará a cidade em…

Tite: Uma cidade de excelência, democrática, participativa. Onde o governo municipal seja o braço que auxilia no desenvolvimento. Que nossos serviços continuem a ser aperfeiçoados, que novas políticas públicas venham para garantir oportunidades para as pessoas, especialmente aquelas que mais precisam.