Jovem diz ter sido agredido em shopping

Por meio de carta aberta à comunidade, a professora Xenia Araujo, 35 anos, denuncia situação de violência vivenciada pelo filho, Nathan Vinícius Araújo de Souza, 15. O jovem negro diz que foi agredido e impedido de entrar no Grand Plaza Shopping, em Santo André, por seguranças do local na noite de sábado. Diante do caso, o Condepe (Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana) pedirá que a SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado instaure inquérito para apurar os crimes de racismo, ameaça e constrangimento ilegal.

O jovem, morador de São Caetano, estudante e atleta – jogador de futebol da base em time do Interior –, estava no centro de compras com quatro amigos quando receberam a informação de que estaria sendo realizada competição de dança fora do shopping. Eles saíram do espaço para verificar o evento e, no retorno, foram barrados pelos seguranças. “Tinha uma mulher e um homem, além de um policial à paisana. Ele deixou todo mundo entrar e a gente não. O que mais me irritou foi que todos os que entraram tinham a pele branca”, destaca Nathan.

Após questionar os seguranças sobre o impedimento, o jovem relata que ouviu daquele que seria o policial à paisana a seguinte frase: “Meu estabelecimento, minhas regras”. “Quando questionei de novo ele disse: ‘Não me irrita não, moleque’. Ele tentou me bater uma vez e abaixei. Quando tentou de novo, pegou na minha orelha e no meu rosto o tapa.”

Nathan revela ainda que deixou o centro de compras, ao lado dos amigos, com o sentimento de impunidade. “Não pude fazer nada, porque ele estava armado. Me senti triste e impotente. Quero justiça, que não aconteça com mais ninguém”, ressalta o jovem.

Diante dos fatos, mãe e filho registraram boletim de ocorrência e denunciaram o caso às autoridades. “O Nathan se sentiu envergonhado, porque as pessoas olhavam a cena e imaginavam que ele estava roubando”, destaca.

Conforme o coordenador da comissão da criança e do adolescente do Condepe, Ariel de Castro Alves, será pedido ao shopping que forneça imagens das câmeras de segurança e fotos dos colaboradores para que os acusados sejam identificados. “Se o autor for mesmo policial civil, pode responder ainda por abuso de autoridade”, observa.

A administração do Grand Plaza Shopping informou, por meio de nota, que “percebeu tumulto/briga envolvendo grupo de pessoas na via pública. Em virtude disso, fechou temporariamente o portão de acesso ao shopping para preservar a segurança e integridade física de seus clientes” no sábado. Conforme o estabelecimento, o portão permaneceu “brevemente fechado até que a situação retornasse à normalidade”.

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